Durou pouco mais de um ano o relacionamento entre Jorge Jesus e Flamengo. Um final melancólico, mas sem atritos ou decepções como estamos acostumados a ver no futebol brasileiro. O torcedor rubro-negro diz adeus a um ídolo, e o brasileiro amante do futebol demonstra gratidão ao português.
Jesus resgatou os principais valores – ficaram perdidos no tempo – que colocaram o futebol brasileiro no topo do mundo. Um estilo ofensivo, agressivo e objetivo, marcado pela valorização da posse de bola, da velocidade na tomada de decisão e do coletivismo.
Logo na sua estreia, Jesus se apresentou ao Brasil com uma goleada de 6 a 1 sobre o Goiás, pelo Brasileiro. Com o tempo, fez com que o óbvio se tornasse algo totalmente distinto da nossa realidade. De repente, jogar bonito e com verticalidade seria mais benéfico do que apenas se fechar na defesa e administrar uma vitória de 1 a 0.
Além disso, Jesus acabou com outros mitos criados por treinadores brasileiros. Não poder ter competitividade em mais de uma competição se tornou uma grande balela.
Em um ano, Jorge Jesus teve mais títulos (cinco) do que derrotas (quatro). Personagem principal da conquista da maior tríplice coroa do futebol nacional. E, é claro, embora estivesse no leme da barca, contou com um projeto muito bem realizado para que o Flamengo tivesse uma temporada de muito sucesso.
Não cabe a nenhum de nós decidir ou julgar as decisões que têm respeito ao futuro de Jorge Jesus. Em Portugal, ele tem a família. Aqui, estamos cercados de insegurança por conta da pandemia, o que gera uma série de indefinições ao futebol brasileiro.
Com o Flamengo, Jesus teria um caminho mais curto até o Mundial? É possível, mas mesmo que seja mais difícil de ser campeão da Champions com o Benfica, o título da Liga Europa seria uma conquista absolutamente expressiva, uma vez que o clube português não vence um torneio fora de Portugal desde 1962, com o épico time liderado por Eusébio.
Por fim, resta ao Flamengo encontrar um treinador que dê continuidade ao trabalho de Jesus. Por mais que o rubro-negro tenha um elenco recheado de boas peças, é preciso saber o que fazer com elas. Veja o Barcelona como exemplo: tem um elenco de destaque mundial, mas que não funciona bem em 2020.