Era 25 de junho de 1982, em Gijón, norte da Espanha. O estádio El Molinón foi palco do chamado “Nichtangriffspakt von Gijón”, ou “pacto de não-agressão de Gijón”, popularmente conhecido como “Jogo da Vergonha”. Ali, ocorreu um dos episódios mais deploráveis da história das copas do mundo.
A partida entre Alemanha Ocidental e Áustria encerrava a terceira rodada do Grupo 2 daquele Mundial. Até ali, a situação na chave era a seguinte: a Áustria, ficava era a líder grupo com quatro pontos e três de saldo; a Argélia (com um jogo a mais), era a segunda colocada com quatro pontos e zero de saldo; a Alemanha, em terceiro, com dois pontos e dois de saldo; e, por fim, o Chile já estava eliminado sem somar pontos.
Resultados
Alemanha Ocidental 1 x 2 Argélia (6 de junho)
Áustria 1 x 0 Chile (17 de junho)
Alemanha Ocidental 4 x 1 Chile (20 de junho)
Áustria 2 x 0 Argélia (21 de junho)
Argélia 3 x 2 Chile (24 de junho)
No regulamento do torneio, uma vitória valia dois pontos. Assim, se a Alemanha vencesse a Áustria por até dois gols de diferença, o resultado classificaria o time germânico e o austríaco.
Havia grande expectativa de bom jogo entre as duas equipes, pois aquele duelo marcava uma “revanche” da Copa de 1978, quando os austríacos, embora eliminados, fizeram grandes esforços para vencer os germânicos por 3 a 2, no chamado “Milagre de Córdoba” – a Áustria não vencia a Alemanha Ocidental desde 1938. Por causa disso, as equipes passariam a ser consideradas rivais.
O que se viu em 25 de junho de 1982
Os 10 minutos iniciais de partida foram de pura pressão da Alemanha Ocidental, que logo inaugurou o placar. Depois disso, foram 80 minutos vergonhosos, de descasos das duas equipes: passes de um lado para outro, sem objetivo algum: goleiros praticando “gol a gol”, num festival de chutões; mas havia um único personagem comprometido com o futebol. Walter Schachner até tentou alguma coisa, mas não teve sucesso.
Os protestos dos torcedores foram desde os que atiraram dinheiro no campo até os que queimaram bandeiras do próprio país. Comentaristas pediam aos telespectadores que desligassem as televisões, num apelo para que não assistissem ao desrespeitoso jogo apresentado por aquelas equipes.
Esse foi o estopim para que a Fifa, no futuro, decidisse que os últimos jogos da primeira fase de um grupo fossem realizados simultaneamente, de modo que evitasse novos prejuízos.