“Vitimista” ou não, o Corinthians despertou as atenções de todo o país com nova polêmica. Desta vez, Andrés Sanchez formalizou um pedido à CBF, à FPF e à Globo para que “não sejam mais marcados jogos do time à noite ou aos domingos”.
Isso é grave dada a atual situação financeira do clube. O Corinthians fechou 2019 com as contas no vermelho pelo terceiro ano consecutivo. As dívidas chegam R$ 665 milhões (sem considerar o financiamento da Arena). Sem jogos, devido à pandemia do novo coronavírus, o clube sofre para adquirir receitas e quitar seus débitos, tendo em vista que algumas das principais fontes de recursos vêm de bilheterias, patrocínios e direitos televisivos.
Sem jogos nos horários nobres de maior audiência, o Corinthians entrará em conflitos com patrocinadores e até receberá menos das verbas de televisão. Andrés instaurou uma dívida milionária no clube, mostra não sabe como vai quitá-la e, com medidas como essa – que inflam seu próprio ego e fazem alarmes em todo o país –, deixa evidente que o caminho para o time do Parque São Jorge ter uma boa saúde financeira não há luz (literalmente).
O motivo de se recusar a jogar à noite e aos domingos
Isso acontece após Paulo André, ex-jogador do Corinthians, e Maicon, ex-São Paulo, obterem sucessos em ações trabalhistas – ambos receberam verbas referentes a atuar aos domingos e jogar após as 22h em dias de semana sem compensação. No caso do alvinegro, o clube fechou acordo em R$ 750 mil para encerrar o processo trabalhista, que estava em 2ª instância. Já no tricolor, a justiça condenou o time do Morumbi a pagar R$ 200 mil, e o valor ainda pode chegar a R$ 700 mim com juros e correções.
O problema, no entanto, não são os horários dos jogos ou os dias em que eles acontecem, mas o fato de não haver folgas na semana. Isso é provocado pelo calendário do futebol brasileiro. As federações fazem a tabela, e os horários são definidos – prioritariamente – pelas emissoras de televisão que detém os direitos de transmissão – no caso, a Globo. Com dois jogos na semana, não há dias de descanso para os atletas. A situação piora com o fato de agora haver jogos às segundas.
A partir disso, abrem-se boas discussões do âmbito trabalhista, diante das interpretações do que é apontado na CLT e na “Lei Pelé” – esta última que trata as particularidades dos acordos trabalhistas no esporte.