A retorno da Bundesliga não deve ser exemplo para os demais países, especialmente para o Brasil. O que deve ser tomado como exemplo é a forma com a qual o governo alemão e a população lidaram com o coronavírus e as medidas de prevenção.
Existe uma clara diferença entre Brasil e Alemanha. Por lá, há estrutura, inteligência e líderes sensatos no combate ao coronavírus. Em função disso, com a diminuição da propagação do vírus e do número de casos de infectados, o governo federal e os governos estaduais anunciaram o relaxamento nas restrições devido à pandemia, porém com regras de distanciamento.
“Passamos da fase inicial da pandemia”, afirmou a chanceler Angela Merkel. “Chegamos ao ponto em que podemos dizer que alcançamos o objetivo de tornar a propagação do vírus mais lenta e proteger o sistema de saúde de uma sobrecarga”, completou.
Por aqui, ainda há muitos que não seguem as medidas de isolamento social, ignoram a pandemia e vão, de mãos dadas com o presidente da República, na contra-mão do combate ao coronavírus. Nos hospitais, faltam equipamentos de proteção individual, profissionais de saúde e respiradores. A hipótese do sistema de saúde entrar em colapso ganha forma, e os números de infectados e de mortos crescem em ritmo acelerado.
No Brasil, não há previsão alguma de quando a propagação do vírus se tornará lenta.
Na Alemanha, com a diminuição dos casos, é possível pensar em novas medidas para o retorno das atividades comerciais. E embora as restrições ao contato social segam em vigor até 5 de junho, mas com afrouxamentos, não vejo como positivo o retorno do futebol ainda neste mês, mesmo com portões fechados e com um protocolo muito rígido – ainda não temos conhecimento dos detalhes –, pois ainda significa se expôr a um risco que pode levar a medidas mais drásticas na sociedade.
Já no Brasil, primeiramente, deve-se ter a preocupação com a não-propagação do vírus e com melhorias no sistema de saúde. Com esses dois aspectos mais robustos, é possível pensar em novos passos. Acelerar o retorno do futebol, no atual cenário, em função das atividades econômicas do país, está longe de ser uma boa ideia.