Cidade do México, 17 de Junho de 1970, Estádio Azteca. Cerca de 102 mil torcedores que enfrentavam o forte calor da capital mexicana estavam diante do que é considerado até hoje como ‘O Jogo do Século’, protagonizado pela então Alemanha Ocidental e Itália, que decidiam uma vaga na final da Copa do Mundo. Foram cinco gols marcados na prorrogação, episódio que jamais seria repetido na história das copas, e os italianos superaram os alemães por 4 a 3.
De um lado, estava uma Alemanha Ocidental desgastada, após um duelo emocionante contra a Inglaterra, nas quartas de final, em que a equipe de Helmut Schön venceu de virada por 3 a 2, revertendo a desvantagem de dois gols na prorrogação – na época, era a revanche da final Copa de 1966, em que os ingleses venceram os alemães por 4 a 2. Do outro, uma Itália que vinha de vitória tranquila por 4 a 1 sobre o México, país anfitrião do Mundial.
No tempo normal, parecia uma semifinal comum. Em vantagem no aspecto físico, a Itália foi superior ao longo dos primeiros 90 minutos. Logo no início, Roberto Boninsegna inaugurou o marcador. Ao que tudo indicava, não era o dia dos alemães, e isso ficou evidenciado no segundo tempo, quando Beckenbauer contundiu a clavícula e, como sua equipe já havia realizado todas as substituições permitidas, não pôde deixar o jogo para outro jogador. Improvisou uma tipoia com algumas faixas e seguiu na partida.
A vaga da Itália na final estava esboçada; mas, nos acréscimos do segundo tempo, Karl-Heinz Schnellinger empatou para a Alemanha Ocidental. Assim, o jogo caminhou para a prorrogação, e a partir dali o mundo estava prestes de ver algo extraordinário.
Logo aos 4′, Gerd Müller (o artilheiro da Copa) aproveitou a bobeira da defesa italiana e virou o jogo para a Alemanha. Nem deu muito tempo para comemorar, afinal, quatro minutos mais tarde Tarcisio Burgnich também tirava proveito da falha da defesa adversária para deixar tudo igual novamente. Seis minutos depois, Luigi Riva virou o jogo para a Itália e deu tranquilidade para a Azzurra.
Descanso rápido, pausa para a água – lembrando que o jogo aconteceu sob forte calor na Cidade do México. E se a Alemanha Ocidental estava desgastada, já não parecia mais. Voltou do último intervalo num gás… Logo no início, Gerd Müller (de novo ele) empatou: 3 a 3! E a loucura aumentou! Poucos lances depois, a Itália tomou de vez a dianteira no placar, com Gianni Rivera. Fim de jogo, 4 a 3 para os italianos.
Um jogo épico, eternizado com uma placa no Estádio Azteca. A final da Copa de 1982, vencida pela Itália por 3 a 1 sobre a Alemanha – do grito de Marco Tardelli –, ou então a semifinal de 2006, em que a Azzurra novamente levou a melhor sobre os alemães (anfitriões daquele Mundial), com uma vitória de 2 a 0 construída na prorrogação graças às estrelas de Grosso e Del Piero, nem se comparam ao que ficou conhecido “O Jogo do Século”. E olha que estamos falando de semifinal e final de Copa do Mundo!
E depois?
A Alemanha Ociental, absolutamente desgastada fisicamente no torneio, foi com um time misto para a disputa do terceiro lugar. Venceu o Uruguai (eliminado pelo Brasil na semifinal) por 1 a 0. Já na final, a Itália perdeu para o Brasil por um sonoro placar de 4 a 1, conhecido pelos brasileiros pela conquista do tricampeonato mundial. Há quem diga que o mal desempenho italiano na decisão se deu pelo exaustivo duelo frente aos alemães.