Era 16 de julho de 1950, final da Copa do Mundo com quase 200 mil torcedores no Maracanã. O cronômetro alcançava os 34′ da etapa complementar, e o Brasil se aproximava do seu primeiro título mundial – o empate era favorável ao Brasil, que era super favorito após ganhar de 7 a 1 da Suécia e atropelar a Espanha por 6 a 1.
Foi, então, que alguns personagens daquele episódio ganharam destaque. Gigghia, ponta do Uruguai, entrou pela direita e, quase sem ângulo, chutou direto para o gol, quando o imaginável era que cruzasse. Bola rasteira, no canto, superando o goleiro Barbosa. Silêncio no Maracanã. Eram cerca de 200 mil pessoas perplexas, desacreditadas e desoladas.
Fim de jogo. Uruguai venceu o Brasil, de virada, por 2 a 1. Choro. Luto. O sentimento de que aquilo não era justo; mas havia um culpado apontado pelos brasileiros na época: Barbosa.
Barbosa fez 20 jogos pela Seleção. Foram 14 vitórias, dois empates e quatro derrotas, com apenas 22 gols sofridos. Depois de 1950, só atuou mais uma vez com a camisa amarela, em 1953, na vitória de 2 a 0 sobre o Equador.
Pelo Vasco, foram 494 jogos e cinco títulos cariocas (1947, 1949, 1950, 1952 e 1958). Foi campeão Sul-Americano, em 1948, e também venceu o Rio-São Paulo, em 1958.
Mas até hoje, passados 70 anos, quando falamos de Barbosa, ídolo vascaíno, lembramos do episódio no Maracanã. A injustiça com o ex-jogador ainda provocou que duvidassem da capacidade de goleiros negros no Brasil. Nesse aspecto, é importante destacar que somente Dida foi titular absoluto da Seleção em uma Copa do Mundo, em 2006, quando os comandados por Parreira acabaram eliminados pela França nas quartas de final.
Barbosa era fã de Dida, que vivia em ótima fase no fim dos anos 1990 e no início dos anos 2000.
E hoje é mais um 7 de abril que passamos sem Barbosa. Há exatos 20 anos, nos despedíamos do ex-goleiro, vítima de uma parada cardiorrespiratória dias depois de comemorar seu aniversário de 79 anos.
No passado, ficaram as injustiças, mas no futuro estavam guardadas belas memórias do goleiro. E, sobretudo, Barbosa nos deixou um legado: o de representatividade dos goleiros negros. Tivemos muitos no Brasil, mas poucos servindo a Seleção, especialmente em Mundiais.
Assista ao vídeo completo do depoimento que Carsughi deu ao Jornal da Band sobre Barbosa: