Flamengo teve uma atuação digna.
Não foi impecável porque sofreu um gol e não marcou a seu favor.
Quando apresentou erros de marcação, contou com a sorte — lances de Firmino aos 40 segundos de jogo e no primeiro minuto do segundo tempo. Lá na frente, levava perigo, mas faltava capricho. Ou parava em Alisson ou chutava para fora ou era interceptado pela zaga vermelha.
Flamengo e Liverpool fizeram um duelo de igual para igual. Muito se fala na diferença de nível técnico entre europeus e brasileiros. No geral, de fato, é exorbitante; mas esse time rubro-negro é exceção à regra.
Para mim, o contraste que evidenciou entre o melhor time da Europa e o melhor da América se deu no condicionamento físico.
No tempo regulamentar, as duas equipes estiveram parelhas, e o placar zerado era consequência de dois sistemas de marcação muito bem estruturado pelos dois treinadores.
Na prorrogação, o Flamengo mostrou-se desgastado. É óbvio: o time carioca teve 76 partidas no ano (74 oficiais); o Liverpool, 55 — e ainda teve um período de férias no fim do primeiro semestre. Mas o futebol europeu exige mair preparo físico de seus atletas, tendo em vista o estilo intenso de jogo.
E as mudanças promovidas por Jesus não surtiram efeito. Já não preenchia espaços no meio-de-campo, o maior trunfo rubro-negro no tempo regulamentar. Passou a depender das jogadas pelas pontas, especialmente com Bruno Henrique.
A meu ver, oram essas as maiores diferenças evidenciadas no jogo. Até porque, depois que o Liverpool abriu o placar, na prorrogação, o Flamengo não tinha mais forças para uma reação, nem muito tempo — se repetisse o que fez contra o River Plate, em Lima, seria mais um milagre de Jesus.
De todo modo, foi um baita jogo. Desde 2012 não havia um combate tão equilibrado entre europeus e sul-americanos. Em 2017, o Grêmio perdeu de 1 a 0 para o Real Madrid, mas passou a maior parte do confronto se defendendo.
Desta vez, o Flamengo foi para cima do adversário e até mereceu a vitória. Faltou capricho.
O Liverpool, por sua vez, marcou, depois de carimbar a trave e ver Diego Alves efetuar defesas monumentais como o chute de Henderson, no ângulo.
O bi mundial não veio. Perdeu, mas perdeu jogando bem. E o Liverpool, além de vencer sua revanche contra o Flamengo, enfim conquistou o mundo pela primeira vez.