Essa é uma crítica que faço aos colegas de imprensa.
Desde que o Flamengo foi campeão da Libertadores, uma boa parte da imprensa esportiva só discute uma coisa: a final do Mundial contra o Liverpool. Já fizeram comparações entre os jogadores das duas equipes, analisando posição por posição. Também fizeram prognósticos, perguntas aos atletas do time inglês sobre os brasileiros, criaram polêmicas… Enfim, levaram a discussão do torcedor para as análises esportivas.
Ignoraram o fato de que ainda há uma semifinal. Pergunte a algumas pessoas contra quem será o primeiro jogo do Flamengo (o de amanhã mesmo) no Mundial e não se surpreenda se a maioria não souber responder – caso você também não saiba, é o AL-Hilal, time mais popular da Arábia Saudita. Tudo isso porque criou-se a enorme expectativa de um confronto contra os Europeus.
A imprensa brasileira vive para criar heróis. Desde 2012 um brasileiro não vence um Mundial, e por esta ser a última edição no atual formato, pode ser a chance derradeira de ver um time daqui conquistando esse título.
Imagino que seja por isso, pelas enormes expectativas criadas, que as derrotas de Internacional para o Mazembe, em 2010, e do Atlético-MG para o Raja Casablanca, em 2013, foram encaradas como grandes vexames.
Hoje eu li que o Al Hilal seria candidato ao rebaixamento se disputasse o Campeonato Brasileiro de acordo com análises de comentaristas. A comparação, além de ser irrelevante, diminui o adversário para elevar o favoritismo do Flamengo.
E esquecem de que é apenas um jogo. Quem disse que o time árabe não pode acordar virado para a lua e sair vitorioso?
Todos nós sabemos do nível técnico do Flamengo, e sabemos também que este time rubro-negro não é favorito à conquista do Mundial, assim como nenhum outro brasileiro foi, nem mesmo São Paulo (2005), Internacional (2006) e Corinthians (2012).
Primeiro trabalhamos os fatos reais, o que está diante de nossos olhos, e deixamos os debates de torcedores para as rodas de bares. Depois, caso venha a ocorrer, analisamos a final do Mundial.
Um passo de cada vez.