Eu não sou, nem de longe, um cinéfilo e, por isso mesmo, divido os filmes em duas grandes categorias: os que gosto e os que não gosto. Nessa última estão quase todos os filmes que fazem recurso à computação, para criar objetos enormes, pessoas de fantasia, choques de mundos, e por aí afora. Também não gosto de filmes introspectivos (vi, muito tempo atrás, um film de Ingmar Bergman de 1966, intitulado “Persona”, e achei chato) e, assim sendo, meu universo cinematográfico fica bem reduzido.
Gostava (uso o verbo no passado pois, salvo engano, não tem mais nenhum) das comédias inglesas de David Niven (lembro um de 1960, com Doris Day, intitulado “Já fomos felizes”), dos filmes italianos com De Sica e Sordi, e alguns de Woody Allen, tipo “Midnight in Paris”, mas não o sucessivo “To Rome with Love” que me pareceu muito mais um panfleto turístico que outra coisa.
Dito isto, vi um filme francês que me agradou bastante. Chama-se “L´homme Fidèle”, traduzido em português para “Um Homem Fiel” e devidamente legendado. Uma prática que discuto (obviamente para as poucas línguas que conheço) pois aquele escrito na parte baixa da tela acaba tirando a atenção da fala dos atores. E, como é lógico, a tradução, por mais esmerada que seja, nem sempre consegue ser totalmente fiel. Às vezes é a entoação de voz do personagem que determina certa sensação que a simples tradução não consegue alcançar. Além de palavras absolutamente intraduzíveis, como o português “saudade” que não encontra uma palavra equivalente em outros idiomas.
Este filme conta com a ótima interpretação de Lactitia Casta, uma atriz a quem o passar dos anos trouxe uma excelente qualidade cênica, além de continuar sendo uma bela mulher, a juventude de sua rival (no filme, bem entendido) Lily-Rose Depp e o excelente Joseph Engel que tem um papel certamente difícil e a cuja caracterização só eventualmente faltaria acentuar fisionomicamente um pouco o passar dos anos. O tudo excelentemente orquestrado por Louis Garrel que não se deixa levar, em momento algum, pela melancolia do passado nem por demasiado otimismo quanto ao futuro de seus personagens.
Enfim, são 75 minutos que passam bem rapidamente e deixam um sentimento agradável…
“Um Homem Fiel” chega às telas brasileiras
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