Fotos e texto: Vagner Aquino
No início da década de 2000, quando montadoras como Chevrolet e Fiat apostavam em monovolumes (leia-se, respectivamente, Meriva e Idea), era difícil imaginar que soluções como o reaproveitamento de plataformas de hatches para a construção de SUVs compactos daria tão certo! Foi o que a Ford fez, em 2003, com o EcoSport. Receita que, de lá para cá, várias outras montadoras vêm seguindo. Com o Cactus, da Citroën, apesar de aproveitar a base do primo Peugeot 2008, a proposta de SUV compacto é a mesma, afinal, é necessário apostar em segmentos promissores. E, justamente, para saber se o carro bate a (forte) concorrência, nós decidimos avaliar o modelo.
Apresentado diversas vezes em forma de conceito mundo afora, o modelo começou a ser vendido em terras tupiniquins em outubro último. Mudou bastante em relação ao conceito original e, por aqui, caiu nas graças do público. Por onde quer que passe, o C4 Cactus chama atenção. Talvez por sua assinatura luminosa em LED (filetes de luzes acima dos faróis), ou pelas belas rodas de liga-leve com 17″ e acabamento diamantado, talvez.
Por outro lado, em números, o SUV da marca francesa não está com essa bola toda. Vendeu pouco mais de 1.400 unidades em fevereiro, conforme apontam dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Para comparação, o atual líder do segmento de SUVs, Jeep Renegade, registrou 4.706 emplacamentos no período.
Com amplo leque de versões (são sete configurações, que partem de R$ 69.990) o modelo foi avaliado por nós na topo de linha Shine, que carrega o motor 1.6 THP, de R$ 99.990. Nela, como sugere a própria denominação, figura motor THP (Turbo High Pressure) de 173 cv e 24,5 mkgf (a breves 1.400 rpm). A alimentação é bicombustível.
Pelo preço supracitado, vem bastante recheado. Ar-condicionado, central multimídia com tela central de 7 polegadas e touch screen, conectividade Android Auto e Apple CarPlay, ISOFIX (fixação de cadeiras infantis), volante multifuncional, painel de instrumentos 100% digital, câmera de ré e revestimento de couro para bancos e volante figuram a lista de série. Para a segurança, controlador e limitador de velocidade, controle de estabilidade, assistente de partida em rampa, sensores de pressão de pneus e de chuva, além de seis air bags (frontais, laterais e de cortina). No mais, o sistema de frenagem automática e os alertas de colisão, saída de faixa e de atenção ao condutor fazem parte do pacote Pack Automático, disponível para a versão 1.6 THP.
Ao volante
Após quase 15 dias a bordo do C4 Cactus, foi impossível não aprová-lo. É fato que, apesar do motor turbinado, o veículo não tem a mesma desenvoltura de alguns integrantes da concorrência, sem contar que ‘bebe’ um litro de combustível a cada 6 quilômetros rodados! Mas cabe destacar o bom casamento entre o propulsor e o câmbio automático de seis velocidades aqui utilizado – passa bem longe dos trancos sentidos em rivais como Ford EcoSport e Renault Duster, por exemplo.
Por fim, cabe comentar o conforto oferecido aos ocupantes. Ponto para o espaço interno, para o amplo porta-malas e para a ergonomia. O sistema de suspensões também não é daqueles que judia dos ocupantes. Pelo contrário, é calibrado na medida certa. Outro ponto a ressaltar é a pegada do volante. Perfeita! A facilidade dos comandos também ajuda no dia-a-dia, mexer no som, no computador de bordo ou nas funções da tela central não é coisa de outro mundo. Dessa vez, a Citroën acertou.