Em respeito aos familiares das vítimas do incêndio no CT do Flamengo, é preciso respostas com relação aos fatores que levaram à tragédia, sendo que elas não podem estar restritas, apenas, a um “curto-circuito no sistema de ar condicionado” do alojamento.
A Prefeitura do Rio de Janeiro informou, em nota, que o Centro de Treinamento do Flamengo não tem um alvará de funcionamento. “A área de Urbanismo da Prefeitura informa que isso (instalação de contêineres) foi feito sem conhecimento e autorização dos órgãos municipais de fiscalização. De acordo com o Regulamento de Licenciamento e Fiscalização do Decreto 3.800 de 1970, toda construção tem que ser licenciada. Os contêineres são edificações e portanto precisam de autorização para serem instalados, ainda que esta instalação seja temporária. A localização da estrutura deve constar no projeto assinado pelo técnico (arquiteto ou engenheiro) responsável pela obra”, explicou a prefeitura.
Segundo o Flamengo, oito dos nove certificados necessários para regularização da situação foram entregues pelo clube. O nono é o Certificado de Aprovação (CA) do Corpo de Bombeiros, que não foi obtido pelo Flamengo. Apesar de estar sem licenciamento, o Ninho do Urubu seguiu em funcionamento e, por isso, a Prefeitura aplicou 31 multas ao clubes, das quais apenas 10 foram pagas, segundo a instituição.
Por que o Flamengo não pagou 21 das 31 multas impostas pela prefeitura? Essa ainda é uma pergunta sem resposta. E por que o Flamengo alojou atletas num local sem alvará? Também não se sabe.
Ninguém sabe se, pelo menos, havia alarme de incêndio nos contêineres.
O que se sabe, divulgado em comunicado pela Prefeitura do Rio, no dia do acidente, é que “no projeto protocolado, a área está descrita como um estacionamento”. Sendo assim, por que a área aparece como um estacionamento no projeto protocolado na prefeitura? Também não tempos respostas.
Além disso, é importante ressaltar que a atual licença do CT tem validade até 8 de março deste ano (estando, portanto, a um mês exato de expirar), mas a área em que houve o incêndio não consta no protocolo. Até então, não há registros de novo pedido de licenciamento da área para uso como dormitórios. Por que o Flamengo não pediu licenciamento da área para uso de dormitórios? Também não se sabe.
A perícia ainda trabalha reconstituindo a cena do incêndio. Há análises sobre os materiais contidos nas estruturas dos contêineres, sem contar outros depoimentos de moradores da região, que relataram que, na noite de quarta-feira, aconteceram piques de luz durante a noite, fator que poderia ter premeditado a reclusão dos meninos do alojamento.