Finalmente a Honda apresentou aqui uma versão esportiva de seu Civic, denominada Si, apresentada em 2015 e lançada no mercado norte-americano no ano seguinte, enquanto na Europa era posta à venda somente em 2017.
Disponível tanto em versão sedan de 4 portas como de coupé, foi esta última a escolhida para o mercado brasileiro, numa decisão que me parece totalmente acertada pois a presença de apenas duas portas realça o caráter esportivo do carro. Um caráter perceptível desde que se senta no carro, desfrutando de bancos em formato concha que seguram muito bem o corpo nas curvas, aliados a uma posição mais baixa do que costuma ocorrer num sedan.
Feito isso, a regulagem tanto em altura como em profundidade do volante, permite obter a posição de dirigir desejada, acionando o deslocamento do assento. Aqui, por sinal, fica o único, pequeno senão do carro : entendo que, ao menos como opcional, poderia ser oferecido o comando elétrico do banco para otimizar a chance de encontrar, a cada momento, a posição ideal.
Dada a partida, percebe-se imediatamente o ótimo funcionamento do câmbio mecânico de 6 marchas, com engates de curso curto e preciso que fazem logo esquecer qualquer tipo de transmissão automática. Suas relações foram muito bem escolhidas, aproveitando uma curva de torque praticamente plana entre 2.100 e 5.000 rpm (com 26,5 kgfm), e isto confere ao Civic Si uma elasticidade de funcionamento muito agradável.
Mérito disso cabe, naturalmente, ao ótimo motor 1.5 turbo de quatro cilindros, que oferece 208 cv a 5.700 rpm e conta com injeção direta, comando de distribuição com duplo variador de fase e levantamento variável das válvulas de admissão. Vale destacar que as válvulas de exaustão são resfriadas por meio do sódio contido na cavidade do seu eixo, uma técnica mais cara mas extremamente eficiente (era usada nos motores Alfa Romeo duplo comando já nos anos 60). O turbo, bem compacto e de baixa inércia, tem a válvula waste-gate comandada eletricamente.
Graças a isso e outros aperfeiçoamentos, os técnicos japoneses não necessitaram enriquecer a mistura ar-gasolina nas rotações mais elevadas (o que teria piorado o consumo) para baixar a temperatura nas câmaras de combustão e evitar assim o risco de ocorrer detonação (a popular “batida de pino”).
De uma forma geral este Civic Si tem um baricentro bem baixo o que o torna seguro, além de extremamente preciso e rápido nas mudanças de trajetória e nas curvas mais fechadas, freia muito bem (tem discos ventilados na frente e sólidos atrás), parando em espaços reduzidos, sem qualquer alteração de trajetória e sua direção, de duplo pinhão com relação variável, foi bem escolhida.
Aliás é preciso lembrar que o Si tem duas formas de ser usado, uma buscando o maior conforto e outra privilegiando a esportividade, mudança obtida através de uma tecla no console. Na modalidade esportiva a direção é mais direta, a suspensão mais rígida e a resposta do acelerador mais imediata.
Tudo isso foi obtido com a utilização de amortecedores reguláveis, molas mais firmes, barras estabilizadoras mais duras (30% a mais na frente e 60% a mais na traseira), buchas sólidas na dianteira e na traseira, além de braços de controle mais rígidos. Todas coisas que nos remetem a uma versão bem esportiva, o Civic Type R que infelizmente não aportou por estas bandas mas que (fizemos a experiência na Europa) é extremamente agradável para uma “tocada” veloz.
Para desfrutar todas as qualidades do Civic Si, o carro requer apenas um detalhe : asfalto decente. Coisa que, infelizmente, São Paulo não oferece mas que outras cidades (como, por exemplo, Brasilia) tem…