Jair Bolsonaro estampa as capas de jornais desta segunda-feira, após aparecer ao lado dos atletas do Palmeiras, na coroação do título brasileiro. Ele foi convidado pelo clube a assistir, no Allianz Parque, ao triunfo do alviverde sobre o Vitória, por 3 a 2. Ele também recebeu convite da CBF para participar da cerimônia de premiação. Distribuiu medalhas e ergueu a taça. Tudo isso sem mesmo ter assumido seu posto no Governo.
Diante disso, o que me chama a atenção são algumas contradições com respeito a falas e ideais do clube. A primeira delas se dá pelo contexto histórico. A bela história da Sociedade Esportiva Palmeiras começa em 1914, quando foi fundada por imigrantes italianos e descendente. Num salto para 2015, lembro de quando Bolsonaro disse, durante entrevista ao jornal Opção, de Goiás, que os refugiados que chegam ao Brasil são “escória do mundo”.
“Não sei qual é a adesão dos comandantes, mas, caso venham reduzir o efetivo [das Forças Armadas] é menos gente nas ruas para fazer frente aos marginais do MST, dos haitianos, senegaleses, bolivianos e tudo que é escória do mundo que, agora, está chegando os sírios também. A escória do mundo está chegando ao Brasil como se nós não tivéssemos problema demais para resolver”, disse à época.
Essa contradição não se dá apenas por Bolsonaro ter em seu passado falas que vão contra e ferem qualquer valor histórico do clube. São fatos como esses, dentre muitos outros, que dividem os torcedores do clube. Vai além de qualquer ideologia política.
Há mais pontos que me chama a atenção.
Em setembro, durante a campanha eleitoral, o clube declarou “neutralidade em questões políticas e partidárias” em uma nota oficial, após Felipe Melo ter dedicado um gol a Bolsonaro em um jogo contra o Bahia. Hoje, o convida para ser protagonista de um momento eternizado na história do clube.
Em resumo, não consigo entender a razão que leva o Palmeiras dar destaque a alguém que nunca fez nada pelo alviverde; que cogitou a extinção do Ministério do Esporte e que se tornou símbolo da luta contra a corrupção no país, mas que aparenta se aproximar da CBF.
Contradições, apenas.