Por: Vagner Aquino
Avaliamos o Toyota Camry para saber se vale a pena pagar tanto por um sedã
Tem gente que acha o máximo. Tem gente que o vê como carro de tiozão. Outros, julgam ser grande demais… As opiniões em relação ao Toyota Camry são as mais variadas possíveis. Porém, não há como negar que o sedã da Toyota esbanja sofisticação e tecnologia. O modelo, de R$ 206,2 mil, em única versão de acabamento (XLE), de quebra, carrega o 3.5 V6 de 310 cv. Pelos números, nota-se que potência também é ponto forte aqui.
Concorrente de outros sedãs executivos, como Ford Fusion e VW Passat, entre outros, o Camry de oitava geração foi lançado por aqui em dezembro e, desde sua aparição no Brasil, há mais de duas décadas, mudou completamente. Hoje, mede 4,88 metros e adotou série de tecnologias, como 30% a mais de rigidez torcional (mérito da plataforma TNGA, que vem do inglês Toyota New Global Architecture), revestimento reforçado para isolamento acústico, além de, indicador de direção ECO Driving, Sistema Start&Stop para acionamento do motor (por tecla) e mimos como banco e volante que se movem para proporcionar espaço ao motorista ao entrar no carro. Tudo, conteúdo de série. O único item selecionável é a cor da carroceria, sete no total.
Completaço, o Camry permite abrir a porta com a chave no bolso. No habitáculo, luxo evidente. Entretanto, vale uma crítica. Numa era em que até carro popular tem quadro de instrumentos com tecnologia 100% digital, o sedã grande da Toyota poderia ter caprichado um pouco mais no item, que tem boa iluminação, mas merecia mais modernidade. Teto solar elétrico, também não tem! Nem sistema de condução semiautônoma. Como assim?!
Mesmo pecando em alguns pontos, o Camry merece destaque em diversos quesitos. O apoio de braço central traseiro, por exemplo, permite aos passageiros a regulagem do ar-condicionado, reclinação do encosto, acionamento de cortinas elétricas e sistema de entretenimento. Aliás, este, é reunido em tela de 8″ no painel. No mais, tem sete air bags (frontais, laterais, cortina e joelhos, para o motorista) e controles de tração e estabilidade.
Passamos uma semana a bordo do Camry a fim de constatar se o carro, de fato, está mais tecnológico, conforme aponta o material de lançamento elaborado pela Toyota. E está! Destaque para o cuidado com o exterior, que ostenta luzes totalmente em LED para iluminação. Lá dentro, o ar-condicionado (de três zonas) é capaz de identificar quais bancos estão ocupados a fim de direcionar maior fluxo de ar. Cabe salientar, ainda, que o Camry ganhou freio de estacionamento elétrico e controle de partida em rampas. As rodas em liga-leve aro 18 e a traseira levemente alta, dão ar de esportividade ao sedã.
Pegada forte
Por falar em esportividade, já nos primeiros quilômetros ao volante é possível perceber que o V6 não está para brincadeira – chega aos 100 km/h em menos de 7 segundos. Aliás, o novo sistema VVT-iW de temporização de válvula variável para admissão foi projetado para garantir alta produção de torque em todas as velocidades. São 37,7 kgfm a 4.700 rpm.
Mesmo com torque entregue tarde, na prática, o motor enche rápido e as ultrapassagens e retomadas não deixam a desejar. O conjunto de suspensões também merece elogios. Nada de abrir mão do conforto em detrimento da maciez.
Apesar de o mundo estar falando em downsizng (motores menores, com potência extra), a Toyota prefere continuar apostando nesta configuração que, por um lado, consome mais (média foi de 11 km/l, em uso misto, urbano e rodoviário ), por outro, beneficia o condutor com pegada mais forte e, de quebra, um ronco para lá de gostoso quando em altas rotações. Em baixa velocidade, o propulsor roda em silêncio. Nada de escândalos ou vibrações incômodas.
Transmissão
O câmbio automático de oito velocidades tem trocas precisas e, praticamente, imperceptíveis de tão suaves. Mas apesar do apelo mais esportivo, não há trocas sequenciais por aletas atrás do volante.
Outras curiosidades
Enquanto seu irmão menor, Corolla, é best-seller no mercado brasileiro, o Camry (que desembarcou no País em 1992) ainda caminha a passos discretos. Na categoria, é um dos menos vendidos. Tanto que, mesmo no mercado desde dezembro, certamente você ainda não deve ter visto sequer um exemplar desta oitava geração trafegando pelas as ruas.
Presente no Salão do Automóvel de São Paulo – que vai até domingo (18), no São Paulo Expo (Rodovia dos Imigrantes, km 1,5) -, o modelo, apesar de ter valor salgado, é boa opção de compra. Mas o brasileiro tem por costume deixar o status falar mais alto e acaba partindo diretamente para a trinca alemã (Audi, BMW e Mercedes-Benz) quando o papo é sedã com valor superior a R$ 200 mil.
FICHA TÉCNICA
Preço: R$ 206,2 mil
Motor: 3.5, 24 válvulas, seis cilindros em V, injeção direta de gasolina
Potência: 310 cv a 6.600 rpm
Torque: 37,7 kgfm a 4.700 rpm
Câmbio: Automático de oito velocidades
Direção: Elétrica
Suspensão: Dianteiro – tipo MacPherson/Traseiro – tipo Double Wishbone
Comprimento: 4,88 metros
Largura: 1,84 metro
Altura: 1,45 metro
Entre-eixos: 2,82 metros
Porta-malas: 593 litros
Tanque: 60 litros
Peso: 1.645 quilos