Há exatamente um ano, o Corinthians conquistava o título nacional de pontos corridos. Hoje, é sério candidato ao rebaixamento.
Da última vez que o Corinthians havia pisado no Mineirão, estava disputando a final da Copa do Brasil, frente ao Cruzeiro. Hoje, novamente dizendo, é sério candidato ao rebaixamento à Série B do Brasileiro.
E o que leva um time a ir das luzes às sombras em tão pouco tempo?
Uma justificativa que pode ser levantada diz respeito ao desmanche ocorrido ao longo do ano. As peças repostas não renderam o mesmo desempenho do elenco anterior, fatores que causaram a queda de Loss e que ameaçam o cargo de Jair Ventura.
Andrés Sanchez dizia que o Corinthians liberava os atletas porque essa era a vontade dos jogadores, e que por isso não podia obrigá-los a ficar. Penso que, se um funcionário não tem o desejo de permanecer na empresa, é porque há algum fator interno que não o motiva a tomar essa decisão. No caso do alvinegro, foram pelo menos cinco saídas de peças importantes somente neste ano.
Eu diria que a falta de dinheiro nos caixas — devido ao número de contas que o clube tem a pagar — pode ser o problema maior, e o que acontece com o elenco é consequência disso.
Há 10 anos, as apostas do Corinthians foram de contratar atletas de baixo custo do futebol brasileiro, e muitas deram certo. O clube recorreu à base em casos de urgência, e também obteve sucesso em muitos casos.
A falta de dinheiro para ir ao mercado nunca foi vista como um problema porque essas apostas deram o retorno esperado. Hoje, apenas Pedrinho, ascendido das categorias de base, aproveitou a oportunidade que teve neste ano. Os demais que chegaram para esta temporada, foram tiros em águas profundas.
O Corinthians foi surpreendido por um desmanche, e o que se espera de um grande clube são soluções inteligentes. A melhor delas seria um planejamento estratégico bem estruturado. O clube tentou ser imediato, e hoje vemos que essas medidas precipitadas foram contra esse sentido.
Sem dinheiro e sem um bom planejamento. Cabe, então, a Jair Ventura operar um milagre em um time que não foi montado por ele e que, dificilmente, conseguirá montar; mas dentro de campo o treinador também não se ajuda.
Até aqui, uma das maiores dificuldades de Ventura foi repetir a escalação do Corinthians. Sem sequência, é natural que a equipe passe por oscilações em todo o campeonato; mas as apostas que o treinador vem fazendo em seus esquemas iniciais de jogo contribuem para que seu trabalho seja absolutamente questionado.