Os jogadores de futebol de alto nível estão sujeitos, às vezes, a oscilações de rendimento que colocam em discussão suas carreiras. Sem, naturalmente, encerra-las mas fazendo surgir dúvidas e alimentando polêmicas que constituem o alimento preferido de tabloides de escândalos e blogs na internet.
Nos últimos meses, Messi foi o alvo preferido. Indicado como culpado pela medíocre presença da Argentina em várias ocasiões, ele acabou ficando de fora da eleição do melhor da FIFA. E o fato fez até mesmo surgir a tese de que ele teria iniciado a fase declinante de sua brilhante carreira.
Essa tese, estapafúrdia em minha opinião, foi cancelada neste começo de temporada em que Messi voltou a ser a figura de proa do Barcelona. E vários de seus gols foram cantados em prosa e verso.
Fica, naturalmente, a constatação de que, na seleção da Argentina seu rendimento não é o mesmo de quando enverga a camisa do Barcelona. Mas aqui parece-me lógico atentar um instante aos companheiros que o cercam num e noutro time, com o Barcelona da do-lhe condições que a seleção da Argentina não consegue fornecer-lhe.
Outro caso curioso é o protagonizado por Cristano Ronaldo. Sua ruidosa transferência para a Juventus deu-lhe uma áurea de “Messias” que, pelo menos até hoje, não se coadunou com a realidade. Com ele o time italiano ganhou um reforço valioso mas que, pelo menos como artilheiro, pouco somou, embora sua presença em campo, obrigando o adversário a uma redobrada atenção na marcação, tenha dado um pouco de sossego a outros, como Dybala, que surgiu na qualidade de destacado artilheiro.
A isso se soma o problema pessoal de ter sido injustamente expulso de campo em jogo da Champions, num lance que, se formos muito severos, um amarelo era mais que suficiente e que, em outros casos, teria passado sem qualquer punição. De qualquer forma isto chocou o jogador, que jamais tinha sido expulso nessa competição e que se sentiu tremendamente injustiçado. Além de levantar uma onda de brincadeiras com muitos torcedores adversários lembrando que ele não estava mais com a camiseta do Real Madrid e portanto não gozava mais de uma certa proteção por parte dos árbitros.
Se somarmos a isso a recente acusação de violência sexual, de que teria sido autor muitos anos atrás, completa-se um panorama psicológico que o jogador não estava acostumado a enfrentar. E que pode, pelos menos a nível de subconsciente, se refletir em campo.
O terceiro caso é totalmente emblemático e não tem uma explicação imediata, pois só o tempo poderá dirimir a dúvida criada. O egípcio Salah é um fora-de-série, como pareceu mostrar na passada temporada, ou é apenas um ótimo jogador, como muitos outros.
Ele, praticamente mandado embora do Chelsea anos atrás, foi para a Fiorentina, daí para a Roma e sucessivamente chegou no Liverpool, numa carreira constantemente em fase de evolução : bom na Fiorentina, muito bom na Roma, excelente no Liverpool.
Nesta início de temporada, contudo, ele não conseguiu repetir o nível de excelência do ano passado e, em muitos jogos do Liverpool, tem deixado a desejar. Daí ter-se criado a dúvida : 2018 foi um ano excepcional ou representa o nível que atingiu de forma estável ? A resposta, neste caso, só o tempo a trará…