O Gp da Rússia, em Sochi, sancionou a vitória de Hamilton, que assim assumiu de vez seu total favoritismo para a conquista do quinto título mundial, igualando uma lenda como Fangio e ficando logo atrás de Schumacher, que venceu em 7 temporadas.
Mas a vitória de Hamilton não aconteceu como se esperava, isto é com o inglês dominando o fim de semana. Seu papel, desta feita , foi tomado por Bottas, já no sábado autor de uma excelente pole-position, e no domingo impondo-se como o mais veloz de todos. Largando na frente, ainda se deu o luxo de dar o vácuo a Hamilton e assim ajuda-lo a resistir ao ataque de Vettel e depois liderou a corrida com total superioridade, mostrando que poderia vencer sem grandes problemas.
O box, porém, personificado por Toto Wolf, o dono da equipe, deu ordens a Bottas de deixar passar Hamilton (e para fazer isso Bottas teve quase que parar seu carro) e segui-lo, impedindo o assédio de Vettel. Um papel de “fiel escudeiro” totalmente racional em termos de liderança no mundial, pois faltando apenas 5 GPs Hamilton agora tem nada menos que 50 pontos de vantagem sobre Vettel. E este, mesmo vencendo todas as corridas restantes, não mais poderia alcança-lo, desde que Hamilton fosse segundo e terceiro.
Além disso, Hamilton poderia quebrar em 2 GPs e ainda assim, em caso de vitória de Vettel, dividiria a liderança do mundial com o alemão.
Em suma, nada a discutir em termos de tática, embora fique a imagem de Bottas “vencedor moral” deste GP. Imagem essa realçada pela cara desenxabida de Hamilton no ´pódio, quando quis dividir o seu lugar com Bottas e até mesmo tentou entregar-lhe a taca de vencedor.
Pelo resto, tivemos uma boa prova de Vettel, que tirou o máximo de sua Ferrari, neste circuito claramente inferior à Mercedes, e a recuperação de Verstappen, que largando do fundo do pelotão fez sucessivas ultrapassagens e terminou em 5º. Vale contudo ressaltar que todos os pilotos que ultrapassou tinham carros inferiores à sua Red Bull e que o companheiro de equipe, Ricciardo, teve que enfrentar uma asa dianteira danificada logo no começou e portanto até o pit-stop estava numa clara situação de inferioridade técnica.
Isto serve, em minha opinião, para dar à corrida do garoto holandês sua devida proporção, sem tirar seus méritos mas também sem o triunfalismo que a transmissão de TV lhe conferiu.