Eu não gosto de um jogo ser decidido na cobrança de penais. Antes de explicar as razões disso, que chega a ser uma ojeriza, permitam-me uma lembrança.
Na Copa de 1982 estava na Espanha, pela Rádio Jovem Pan e pelo jornal italiano Tuttosport, quando o falecido presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange (ou melhor Jean-Marie Godefroid du Havellange, como era seu nome correto, sendo filho de belgas) me disse que estava sendo aprovada uma clamorosa modificação no regulamento da Copa.
Em caso de empate na final, após a disputa de uma prorrogação, seriam executados tiros livres da marca do penalty para apontar o vencedor. Até então, sabiamente, o regulamento previa novo jogo, 24 horas depois, no mesmo local do anterior.
Minha primeira reação foi dizer que esperava nunca ter que ver semelhante absurdo…e me enganava, pois tive que ver isso duas vezes, em 1994 e 2006. Em ambos os casos abominando o que estava vendo e comentando, embora entendendo que um novo jogo traria problemas de organização. Sobretudo para as emissoras de televisão, que seriam obrigadas a providenciar novos horários de satélite para as transmissões.
Nada, porém, que fosse impossível de se fazer, bastando prever isso quando do acordo inicial. O mesmo valendo para a impressão de novos ingressos, escalas de policiamento e por aí afora.
Para mim, esta é uma solução válida para um racha entre casados e solteiros, de forma a determinar quem vai pagar o chopp. Mas nada além disso.
Soluções deste tipo foram introduzidas, por exemplo, no tênis, com o tie-break, de forma a encurtar a eventual duração de um jogo e atender (uma vez mais ela está no meio da coisa) às necessidades da televisão. Mas aí se trata de um disputa individual, e portanto pode ser aceito.
Tudo muda, porém, quando esse expediente é usado no futebol, um jogo coletivo que acaba se transformando numa disputa quase que individual entre um chutador e um goleiro. Essa transformação para mil é inadmissível, pois pode proporcionar incríveis distorções.
Aliás, para ilustrar isso, escolhi a foto e o vídeo do que aconteceu com o zagueiro e capitão do Chelsea, John Terry, na final da Copa da UEFA de 2008 contra o final Manchester United. Dizer que um escorregão determina justamente a superioridade de uma equipe sobre outra me parece, desculpem a vulgaridade da expressão, uma tremenda imbecilidade !
Decisão nos penais : porquê não gosto !
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