Feliz é aquele que entende, com clareza, que aspectos políticos, sociais e culturais sempre estarão ligados ao esporte. E vendo por esse lado, que desvia o nosso olhar que sempre está voltado ao que acontece no campo, me despertou uma grande felicidade na conquista francesa da Copa do Mundo.
Isso porque, dos 23 jogadores que foram campeões do mundo com a França, apenas sete não são filhos de imigrantes africanos: o goleiro Lloris, Pavard, Hernández, Griezmann, Giroud, Thauvin e Areóla — este que é de origem filipina. A tolerância às diferenças étnicas foi elementar na campanha bem-sucedida da seleção francesa no Mundial da Rússia, assim como aconteceu em 1998, quando os franceses conquistaram a Copa pela primeira vez, com um time repleto de descendentes de estrangeiros.
O resultado simboliza a união de um país que recentemente se acostumou com a polarização referente à crise imigratória no continente europeu. E mais: o futebol passou a ganhar importância na França, e o campo serviu como um reflexo das mudanças culturais.
Nunca antes em sua história uma seleção francesa foi tão repleta de imigrantes, ou tão africana. E assim, a atual geração de jogadores da França se limita a fazer sua parte dentro dos gramados; mas a histórica conquista, na Rússia, diz por si própria que vai muito além da glória futebolística: simboliza a inclusão que deveria ser adotada por todo um povo.