Após o gol de Firmino, contra o México, alguns questionamentos permearam na opinião pública sobre sua titularidade, se deveria entrar no lugar de Gabriel Jesus, que ainda não marcou pela Copa.
Para dar mais visibilidade a esse debate, foram ressaltados alguns números: Jesus é o atacante com mais desarmes e interceptações do Mundial. E mais: é o terceiro que mais faz rebatidas de proteção lá na defesa.
Em outras palavras, Jesus ganha sua titularidade porque é importante e disciplinado taticamente.
Outro jogador brasileiro que, eventualmente recebe críticas porque não aparece no jogo, é Paulinho. Para mim, é o jogador mais importante para o ataque do Brasil. Se a Bélgica o anula, ela praticamente interrompe 80% do processo de criação do Brasil — sem exageros.
Para destacar como exemplo há o primeiro gol de Neymar contra o México. Na jogada, que começa na saída de bola do Brasil, Paulinho sai do meio do campo e vai para a lateral-direita, e permanece por lá. Aquele é o setor de Willian. Com a chegada do volante, o meia do Chelsea sai da lateral e passa a ter mais liberdade para criar jogadas pelo meio. Assim, saiu o gol de Neymar.
Se a bola chega até Neymar, Paulinho operou para que isso acontecesse.
A função de Paulinho vai muito mais do que é dito nos debates esportivos. Cobram ele para ser um “elemento surpresa” na defesa adversária. O fato dele aparecer repentinamente livre na área do oponente não quer dizer que esse deva ser o seu dever. O que Paulinho faz de melhor — e com uma maestria incomum no futebol mundial — é preencher espaços vazios no campo. Ser “elemento surpresa” é uma consequência mínima de tudo isso.
Portanto, para ser destaque não é preciso aparecer mais vezes frente às câmeras em lances perigosos. Há jogadores que são extremamente importantes para o sistema tático do Brasil, como Paulinho, Jesus, Casemiro… E há atletas que têm como principal característica o fator decisivo, como Neymar, Willian, Coutinho, Firmino, Douglas Costa…
A dupla Roberto Martinez e Thierry Henry, treinador e auxiliar-técnico da Bélgica, é muito inteligente, e garanto que as maiores preocupações não estarão voltadas aos jogadores decisivos do Brasil, mas aos que fazem a bola chegar neles.