Por Vagner Aquino
Grupo terá novos modelos, modernização de fábricas e motor turbo, no Brasil, até 2022
Se lá fora a Fiat deve ser encolhida – conforme a FCA (Fiat Chrysler Automobiles) anunciou recentemente, ao divulgar aporte de 45 bilhões de euros globalmente – aqui, a marca deve ser ampliada.
Durante almoço com a imprensa brasileira, em São Paulo, o presidente do grupo para a América Latina, Antonio Filosa, anunciou investimento de R$ 14 bilhões na região até 2022. Deste montante, R$ 9 bilhões vão para a Fiat e o restante (R$ 5 bi) para a Jeep e RAM. Quase 100% deste numerário é destinado ao Brasil, de acordo com ele.
Mas se você pensou em novas fábricas e carros populares, se enganou! A promessa aqui é destinar apenas 10% do valor a modernização das plantas já existentes (Betim, em Minas Gerais, e Goiana, em Pernambuco) e, com o restante, ampliar e renovar a gama de produtos. Só a Fiat terá 15 novidades no período. Enquanto isso, haverá outros dez lançamentos das marcas Jeep e RAM. Sim! As respectivas picapes serão oferecidas no país. Inicialmente, a 1500 deve chegar por aqui em breve. E, no começo da próxima década (2021/2022), será ofertado o modelo de uma tonelada, a fim de concorrer com a dupla de veteranos Toyota Hilux e Chevrolet S10.
Ainda sobre as novidades, Filosa não precisou datas de lançamento, mas afirmou que a Fiat tem três SUVs na manga (um compacto, um familiar e um de grande porte). Já a Jeep terá um modelo completamente novo. Todos, feitos no Brasil. “Da Argentina, virá apenas a nova versão do Cronos”, disse.
Por falar em Cronos, quem vem fazendo sucesso é seu hatch base, o Argo, que ganhará versão psudoaventureira em breve. Inclusive, o modelo está cogitado a ser exportado para a Itália, porém, devido à necessidade de adaptações para o mercado europeu (por ter sido concebido no Brasil), o que gera gastos elevados, “os estudos ainda encontram-se em fase preliminar”, explicou Filosa.
Fora do mercado desde o último ano, o Fiat 500 pode voltar em 2019, pois estará exposto (como espécie de clínica) no Salão do Automóvel de São Paulo, que abre as portas no início de novembro. Outro nome que pode, um dia, voltar ao mercado é o Palio. “É icônico para a história da indústria nacional, porém, hoje, temos Mobi, Uno e Argo (o que deixaria o Palio de escanteio). Mas, quem sabe um dia o nome Palio volte ao nosso portfólio?”, rebate Filosa.
MOTORES
“A geração Millenium (que nasceu após a metade da década de 1980) tem outra visão do carro e quer, basicamente, um smartphone com quatro rodas, transmissão e motor, por isso, vamos investir pesado em tecnologia”, afirmou Filosa, que também divulgou a forte ofensiva em motorização eficiente.
De acordo com o executivo, os motores FireFly ganharão turbo e as transmissões automáticas serão ampliadas e melhoradas – também com o dinheiro do investimento anunciado. Quem sabe agora os automatizados, finalmente, saiam de cena?
A possibilidade de aprovação do Rota 2030 (conjunto de normas previstas para o setor automotivo em discussão pelo governo federal) é o ponto de partida para outras metas do grupo FCA, como eletrificação de veículos (modelos híbridos, elétricos e/ou com direção assistida) e implantação de novas tecnologias e fornecedores.
Mesmo sem comentar a rentabilidade do grupo, alegando ser um número difícil de precisar, o presidente não poupa esforços ao falar de crescimento. “Queremos 5% anualmente até 2022”, pondera. Vale recordar que o grupo FCA perdeu participação de mercado no ano passado e ficou em segundo lugar. Porém, neste ano, já está na liderança. “Acredito que conseguiremos manter os números até o fechamento de 2018”, prevê, otimista.