A cara de enterro do presidente Florentino Perez, ao anunciar que Zidane tinha pedido demissão do cargo de técnico do Real Madrid, mostra bem a surpresa que a decisão lhe causou. Mas, ao mesmo tempo, mostra a inteligência de Zidane em sair no momento certo, quando todos quereriam que ele ficasse.
Seu discurso de despedida, cheio de “hasta pronto” e “hasta luego”, mostra que Zidane continua emocionalmente ligado ao clube que o projetou internacionalmente como técnico. Mas, ao mesmo tempo, deixa bem claro que o ciclo do atual elenco da equipe chegou a seu fim e, seja quem for seu substituto (fala-se insistentemente em Pochettino), terá imensas dificuldades em continuar a série de triunfos.
Vencer pela quarta vez seguida a Champions seria quase uma obrigação, e faze-lo com um elenco em que vários jogadores de primeira linha manifestam certa insatisfação é quase impossível. Basta lembrar que Bale, decisivo na final de Kiev contra o Liverpool, há muito reclama um lugar de titular efetivo e não apenas o papel de ás na manga que Zidane lhe dava, para utiliza-lo, saindo do banco de reservas, em momentos de dificuldade.
Por outro lado, Cristiano Ronaldo está claramente incomodado com o fato de Neymar, que na comparação direta com ele ainda não ganhou nada na Europa, ganhar milhões no PSG enquanto o Real Madrid não quer abrir os cordões da bolsa baseando-se num contrato ainda em vigor.
E, somando-se a isso, a dificuldade que se percebe em fortalecer o elenco do clube, expondo-o à dificil tarefa de muitas vezes ter que decidir sozinho um jogo, pode induzi-lo a mudar de ares. Aliás sabe-se que tanto PSG como Manchester United estariam de braços abertos para recebe-lo.
Tudo somado, a decisão de Zidane foi extremamente inteligente.