Real Madrid e PSG fizeram o confronto mais esperado do ano, e até aqui o mais interessante. O time espanhol levou a melhor: venceu por 3 a 1 e pode perder por até um gol de diferença, em Paris, que se classifica à próxima fase.
A partida pode ser explicada em vários capítulos, que vão desde as atuações individuais de cada atleta até a chave que o Real encontrou para virar o jogo.
Entre os primeiros personagens a serem destacados, Neymar tinha a responsabilidade de assumir o protagonismo do PSG e conduzir o time francês à vitória. Tentava a todo custo por meio de jogadas individuais, mas quem realmente salvava o time visitante era o goleiro Areola.
O Real começou o jogo com intensidade, sufocando o adversário com a marcação adiantada, mas a pressão não durou mais do que 10 minutos. O PSG tinha qualidade na saída de bola — muito em razão das entradas de Kimpembe e Lo Celso — o que facilitava bastante a transição da defesa para o ataque.
Neymar e Rabiot eram as válvulas de escape parisiense. Cerca de 95% das jogadas eram concentradas pelo lado esquerdo, com o brasileiro. Quando o Paris armou uma jogada em velocidade pela direita, surpreendeu. Me pareceu ensaiada: Mbappé cruza, Cavani passa pela bola, Neymar deixa de finalizar para ajeitar para trás e Rabiot converte. Surpreendeu em todos os aspectos.
Se Lo Celso era uma arma secreta para a saída de bola parisiense, o tiro dela foi pela culatra. O jovem de 21 anos quase entregou o patrimônio para o adversário em uma saída de jogo, e depois cometeu um penal dos mais desnecessários, aos 45′. Cristiano Ronaldo converteu.
O domínio da partida se alternava de times a todo momento.
Na segunda etapa, Emery já parecia se contentar com o 1 a 1 no placar. Sacou Cavani e colocou Meunier, que lateral-direito. Assim, Daniel Alves foi mais adiantado e passou a jogar como meia. Para mim, uma alteração a princípio interessante, pois protegia o lado por onde o Real criava suas jogadas mais perigosas e ganhava superioridade numérica no meio-de-campo. No começo deu certo, com Daniel Alves bem à vontade como armador, mas nenhuma oportunidade criada foi concluída em gol.
Já pelo lado do Real, Zidane tirou Benzema — que há um bom tempo vem devendo futebol — para a entrada de Bale (surtiu efeito, mas pouco). Após 10 minutos, sacou Casemiro e Isco para as habituais entras de Asencio e Lucas Vázquez (o efeito foi imediato e amplamente positivo). Quando pareceu-se dominado, encontrou as redes, com Cristiano Ronaldo mais uma vez. O português não parecia inspirado. Havia perdido um golo de frente com o goleiro, aparecia para cobrar algumas faltas… mas o que não dava para ignorar é que ele só aparece em momentos decisivos. Estava no lugar e na hora certa para pegar o rebote de Areola. Dois minutos depois, coube a Marcelo fechar conta no Santiago Bernabéu.
Resumindo, quando pareceu que o PSG tinha o domínio do jogo em razão das propostas feitas por Emery, imediatamente o panorama da partida foi invertido, e esse foi o aspecto mais interessante do duelo. Além disso, Cristiano Ronaldo venceu o primeiro duelo contra Neymar, pois ser mais decisivo é muito diferente de ser mais participativo.
Para a volta, em Paris, o momento pede que Neymar seja mais decisivo, caso realmente queira alcançar o topo do mundo.