Ao lançar, em agosto, o Kwid, a Renault bancou uma aposta inteligente,a começar pelo slogan usado (o Suv dos compactos) e sobretudo pelo ótimo design, que agrada à primeira vista. E continua agradando com o uso, como pudemos verificar neste tempo e agora com a utilização de um Kwid na sua versão intermediária, denominada Zen.
A grande jogada de marketing, em nossa opinião, foi oferecer ao interessado não só as três opções do catálogo mas uma boa variedade de opcionais que, na prática, criam uma faixa de preço contínua. Uma faixa que vai dos cerca de 30 mil reais do modelo de entrada (denominado Life), passa pelo intermediário (Zen, por cerca de 37 mil) e supera amplamente os 40 mil se quisermos o modelo de tope, denominado Intense, com todos os opcionais e acessórios disponíveis.
Isto faz com que qualquer interessado possa, na prática, ter seu carro “sob medida” e, como o exterior é praticamente o mesmo, sentir-se como se tivesse o modelo mais caro.
Aliás, a comparação que primeiro me veio à mente foi o de uma bela caixa de bombons, ricamente decorada. Dentro cabe a cada comprador colocar bombons baratos, normais, ou caros. Tudo dependendo, obviamente, do dinheiro disponível para a compra.
A partir disso temos um carro bem agradável de dirigir, com respostas prontas, um câmbio mecânico de 5 marchas com engates precisos, uma boa estabilidade, que pode até surpreender, e um sistema de freios que atende às necessidades. Por fim, o tamanho reduzido torna fácil estaciona-lo onde for, coisa que, numa metrópole como São Paulo, por exemplo, é altamente apreciável.
Pelo resto, vale lembrar que o projeto obedeceu a rígidos parâmetros de redução de custos. Sabe-se que o Kwid não poderia ter um preço, na sua versão de entrada, superior a 30 mil reais e portanto seu custo industrial deveria ser bem menor.
Assim o motor foi despojado de alguns itens mecânicos mais refinados, a ponto de ter sua potência reduzida para 66 cv contra os 79 que oferece quando montado em Logan e Sandero. Da mesma forma operou-se com a suspensão e, sobretudo, com os itens que não são vistos pelo público. Como a reduzidíssima utilização de painéis fono-absorventes, especialmente na parede corta-fogo, o que permite ouvir o “berro” do motor de 3 cilindros e 999 cm³ de cilindrada tão logo se pise mais forte no acelerador.
Isso, por outro lado, permitiu reduzir bastante o peso final do carro (são apenas 758 kg na versão de entrada) o que amenizou bastante a renuncia a nada menos que 13 cv em relação aos demais veículos Renault que usam o mesmo motor.
Em resumo, trata-se de um inteligente compromisso em busca de preço baixo e, consequentemente, uma faixa de público bem maior. Naturalmente, quem tiver cacife para comprar um Rolls-Royce sequer olhará para a Kwid, a não ser a título de mera curiosidade.