Enfim, o Corinthians conquistou o heptacampeonato brasileiro, um desfecho que já era esperado desde agosto, quando aconteceu a virada de turno do torneio. Pep Guardiola dizia que em um longo torneio de pontos corridos, o título se ganha nas últimas oito rodadas e se perde nas oito primeiras. O time de Carille fez mais, e por isso é um respeitado heptacampeão.
Líder desde a quinta rodada da competição, reconheceu sua primeira derrota somente na 21ª etapa do torneio. Nunca deu brecha a uma margem menor que quatro pontos para o segundo colocado. E mais: se vencer o Flamengo, no domingo, terá batido por pelo menos uma vez todos os adversários da competição, repetindo o feito do Cruzeiro de 2013.
Talvez não tivera perdido a liderança por incompetência dos demais times que não aproveitaram seus tropeços; mas a conquista é incontestável: o Corinthians foi a equipe que mais venceu, que menos sofreu gols e que jogou pela construção de resultados simples, seguindo a mesma fórmula da equipe que conquistou o penta, em 2011.
Talvez a maior crítica dada ao Corinthians neste ano fosse relacionada à limitação do elenco. No entanto, o extrato final amplamente positivo mostra que o clube deu uma aula de planejamento para a temporada. Fez contratações pontuais, gastou pouco e faturou muito. E o mais importante: ao efetivar Carille, deu sequência a um antigo e vitorioso trabalho instaurado na última década.
Carille foi auxiliar de Mano Menezes e de Tite. O primeiro treinador implantou no Corinthians uma filosofia de trabalho que permanece até hoje no clube. Já o segundo, foi o seu maior professor (para não me estender muito). O técnico responsável pela conquista do hepta absorveu tudo o que pôde de ambos, e aí está o grande resultado.
A defesa sempre foi a especialidade de Carille. Partindo dessa ideia, entende-se que para vencer um torneio grande seria preciso ser eficiente, e essa foi a maior marca do Corinthians no ano. Com um elenco limitado, o alvinegro foi campeão sem apresentar um futebol mágico ou brilhante; fez o essencial para somar pontos rodada a rodada.
Carille me disse uma vez que tenta dar ao Corinthians características do futebol italiano e do futebol português. Estilos próprios compreendidos pela marcação exercida no meio de campo e das triangulações realizadas pelas beiradas do campo. Quando o desempenho corintiano caiu, fez mudanças pontuais que surtiram efeitos imediatos, como a promoção de Clayson aos titulares.
Apesar de ser novo, Carille deu aulas táticas aos técnicos mais experientes, e mostrou que tem um futuro brilhante pela frente.