Fotos: divulgação e Lucas Henk
Foi publicada em uma recente matéria a fala de Markus Duesmann, membro do conselho de administrativo do Grupo BMW, de que as mudanças na indústria não são mais questão de tempo, são agora. O contexto era sobre a redução de US$ 2,4 bilhões — R$ 7, 46 bilhões — para que a marca conseguisse cumprir com a promessa de lançar 12 modelos elétricos até 2025.
Bem, antes dessa revelação o Site do Carsughi avaliou o BMW i3, primeiro modelo totalmente elétrico da marca e que foi apresentado à imprensa em novembro de 2013 sob grande euforia quanto a aceitação do público. As vendas mundiais começaram no mesmo ano, com 80 mil unidades comercializadas.
Quase quatro anos se passaram sem mudanças no i3. Até agora. O Salão de Frankfurt 2017, que abriu as portas à imprensa nos últimos dias 12 e 13 de setembro, foi palco, dentre outras novidades, é claro, do i3 2018.
Sobretudo, o que se destacou do novo compacto foram a adoção de uma versão mais apimentada, chamada i3s, agora traz 186 cavalos e torque máximo de 27,5 kgfm, capaz de chegar aos 100 km/h em 6,9 segundos e 160 km/h de final, e a suspensão, que foi rebaixada em 10 mm em relação à versão padrão.
O novo hatch elétrico ganhou discretas alterações na parte visual, sendo os faróis e as lanternas com iluminação em LEDs. No mais, retoques pontuais são notados no exterior, uma vez que não fazia sentido para os designers da marca alterar um visual moderno (eufemismo) e, particularmente, bonito.
Versão avaliada
Grosso modo, pouca coisa mudou sobre o novo i3, que segue com a motorização de 172 cavalos e 25,5 kgf.m de torque instantâneos. Ou seja, pisou, foi. Parece pouco, mas o i3 pesa apenas 1.195 quilos, com boa relação peso e potência, que se traduz em aceleração aos 100 km/h em 7,2 s e velocidade máxima em 150 km/h. De 30 km/h a 70 km/h, o tempo gasto é de 2,5s.
Aí você pode se perguntar: mas só isso de final? Sim, caro leitor, a proposta do i3 é urbana, em curtos percursos, bem no cansativo anda e para. Aliás, no trânsito pesado, além de você ser o centro das atenções, causa certa estranheza — positiva — o quão silenciosa é a cabine do hatch.
Vale ressaltar que mais de 80% das superfícies visíveis da cabine do carro foram fabricadas usando materiais reciclados ou renováveis. Aqui vale a expressão menos é mais. Por não ter motor na parte dianteira, nota-se excelente espaço interno, aparentando ser bem maior do que realmente é, graças a arquitetura LifeDrive, constituída por duas unidades funcionais separadas. Altura de 1597 mm; largura de 1775 mm; comprimento de 3999 mm e entre os eixos com 2570 mm.
É maior do que o GM Onix, que, por exemplo, traz 2528 mm de distância entre os eixos. Outros pontos de destaque são a distribuição do peso em 50:50 e baixo centro de gravidade devido à localização da bateria, no assoalho.
Por falar nela, são de íons de lítio sendo especificamente desenvolvida para o BMW i3 — informações da marca — e o motor elétrico, que só ele pesa 50 quilos, está acoplado ao eixo traseiro e ao conjunto de transmissão elétrica. Sim, não há marchas no i3, o que torna sua condução macia e prazerosa no ponto de vista prático, racional.
Um pouco do motor
Como já foi dito acima, a cabine traz sensação de profundidade ao i3. Sendo assim, o “rodar” é bastante agradável e, acima de tudo, divertido. Mesmo não sendo o seu foco, o desempenho do pequeno é animador. Já pensou você não se preocupar com o nível do tanque de combustível?
Com o BMW i3 é assim. O hatch pode rodar entre 130 quilômetros e 160 km, caso esteja configurado no modo ECO PRO e ECO PRO+, que o limita a 90 km/h e controla até a temperatura do ar-condicionado, fazendo com que o resfriamento da cabine seja limitado, dificultando a permanência no veículo em dias muito quentes, como aconteceu quando esta matéria foi escrita.
Mas a capacidade pode subir para 300 quilômetros caso o comprador opte pelo extensor de autonomia, que nada mais é do que um pequeno motor a gasolina de dois cilindros, 650 centímetros cúbicos, 34 cavalos e no qual cabem nove litros, úteis para gerar energia para a bateria quando esta estiver com baixa força, como se fosse um alternador.
Mas que vantagem Maria leva?
Sabe-se que em outubro de 2015, o governo federal zerou o Imposto de Importação para automóveis movidos unicamente a eletricidade ou hidrogênio, que tinham alíquota de 35%, mas com autonomia de pelo menos 80 quilômetros com uma carga.
Quando chegou ao Brasil, o i3 era comercializado por R$ 226 mil, bem acima dos atuais R$ 159.900. Olha a diferença! Sem contar que você não precisa se preocupar com trocas de itens necessários à vida útil de um carro movido a combustão interna, óleo do motor, sistema de arrefecimento, filtro de combustível, filtro de ar etc.
Além disso, é possível carregar os carros BMW i por meio de tomadas convencionais aterradas de 220v e 110v (cerca de oito horas e 16 horas, respectivamente), uma vez que todos os carros possuem os cabos para tal modo de recarga como equipamento de série. O comprador poderá, ainda, carrega-lo em estações instaladas nos concessionários BMW i, como alguns shoppings e postos de combustível conveniados, equipados com o dispositivo BMW i Wallbox, que otimiza a carga total em até três horas.
A bordo do BMW i3
O chassi é um monocoque ultra rígido de fibra de carbono. Sentado no banco — com formato mais fino para reduzir o peso do carro — a excelente posição de dirigir impressiona até mais exigentes. Boa visibilidade e ergonomia, com quase todas as funções bem próximas do condutor.
Uma pequena tela está posicionada à frente do volante e funciona como espécie de painel principal. Lá são dispostas a autonomia total e parcial, sendo à esquerda com informações sobre a carga do gerador — lembra aquele motorzinho que alimenta a bateria? — e à direita quanto tem só com a energia da bateria.
Para ligar, basta pisar no freio e acionar o botão Star and Stop, meio que escondido na região onde fica o câmbio. Este, por sua vez, é encontrado na região dos limpadores de para-brisa e é fixo, movendo apenas a ponta para indicar R de ré, N de neutro e D de drive.
A câmera de ré, com diversos recursos para ajustes, tem ainda a possibilidade para ajustar ângulos que apontam a direção em que o i3 está indo. O BMW i Drive Touch Infotainment possui acesso fácil sobre os comandos e a todas as informações do modelo.
O e-Drive, na tela do painel principal, traz toda uma análise sobre o estilo de condução do i3. Além disso, o condutor, em caso de dúvida sobre algum funcionamento do carro, pode optar por uma explicação em vídeo — em português de Portugal — no ícone de explicações animadas.
As portas do tipo suicida — que abrem ao sentido oposto — facilita o embarque, uma vez que o i3 não tem a coluna B. A posição de dirigir é boa, com ampla visibilidade, e o teto solar possui uma divisória para o motorista e o passageiro.
Um ponto é frenagem involuntária do hatch. Em outras palavras, quando o condutor solta o pé do acelerador, o i3 freia, de forma suave, mas constante. Leva certo tempo para acostumar com isso e serve para recarregar a bateria, como se fosse um segundo alternador, só que menos eficiente.
O BMW i3 é do tipo 2 + 2, ou seja, apenas duas pessoas viajam atrás, cujo espaço é satisfatório para dois adultos com estatura de 1 metro e oitenta centímetros. Há fixação ISOFIX e cintos de três pontos para ambos os passageiros.
Itens de série na versão avaliada
Comfort Access, ar-condicionado automático digital, seis airbags, sistema de navegação profissional, assistente de condução, pacote de telefonia com Bluetooth e USB, Serviços de Concierge, Serviços Remotos, informações de trânsito em tempo real, sistema de som Harman Kardon, teto solar elétrico, sensor de estacionamento traseiro, sensor de chuva, faróis em LED, volante de direção com ajuste de altura e ajuste na distância multifuncional, pacote Comfort Avançado e painel de instrumentos digital.
Vale a pena?
São quase R$ 160 mil em um carro que não tem mais do que 300 quilômetros de autonomia. Com design futurista e tamanho compacto, é alternativa para quem já tem outras opções na garagem e quer fazer a sua parte dentro de um contexto sustentável. Se você se enquadrou no que foi escrito acima, vale, sim, ter um i3 na garagem.
O rodar é macio, ele anda bem — só não faz curvas pelo pneu de rodagem verde —, é tecnológico, não precisa trocar fluidos típicos de motores a combustão interna e, a cereja do bolo, não precisa abastecer. Vale a pena sair da mesmice e arriscar ser diferente frente a um futuro que certamente, cedo ou tarde, nos obrigará a rever certos conceitos arcaicos.
Ficha técnica BMW i3 Rex Entry — R$ 159.950
Motor: propulsão elétrica por meio de bateria de íons de lítio e um de 650 cc com dois cilindros;
Potência: 172 cavalos e 34 cv;
Torque: 25,5 kgf.m e 5,6 kgf.m;
Câmbio: automático com uma marcha;
Direção: elétrica;
Suspensão: McPherson com barra estabilizadora na frente e tipo multibraço com barra estabilizadora atrás;
Freios: discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira
Pneus: dianteiros, 155/70 aro 19 e 175/60 atrás;
Comprimento: 3999 mm;
Largura: 1775 mm;
Altura: 1597 mm;
Entre os eixos: 2570 mm;
Tanque de combustível: 9 litros do motor a combustão que serve como gerador;
Porta-malas: 260 litros;
Peso: 1.195 quilos