A Renault, interpretando as mudanças ocorridas no mercado brasileiro, apresentou o modelo Kwid, um Suv pequeno, que coloca enfase no preço de sua versão de entrada, denominada Life e cotada a 29.990 reais.
Naturalmente existem outras duas versões mais bem equipadas, a Zen (R$ 35.390) e a Intense (R$ 39.990) que, de acordo com os executivos da montadora, deverão concentrar as vendas , com 50% do total para a Zen e 40% para a Intense. Assim, para o modelo em que se baseia a propaganda da Renault, o Life de 29.990 reais, ficariam apenas 10% das vendas.
Este fenômeno, aliás, tem uma explicação lógica . Ninguém, que tenha 30 mil reais em mãos,vai comprar um carro pequeno e na sua versão básica. Assim a quase totalidade das vendas vai ocorrer com o comprador dando uma entrada (que pode ser em dinheiro ou seu carro usado) e financiando o resto. Neste financiamento a diferença nas prestações entre a versão básica e as outras duas não acaba sendo muito elevada e como a compra de um carro é quase sempre regida pela emoção, a escolha é lógica. Sobretudo na concessionária, onde o interessado é sempre levado a comparar as várias versões, colocadas lado a lado.
Dito isso, vale falar do Kwid, projetado para ser o mais barato possível, o que se evidencia em pequenos detalhes que vão escapar da atenção do comprador. Como, por exemplo, a simplificação do motor 3 cilindros de 999 cm³, que oferece 66 cv com gasolina e 70 cv com álcool enquanto a versão usada em Logan e Sandeiro tem, respectivamente, 79 e 82 cv. Ou na suspensão traseira, com eixo rígido em lugar do mais comum eixo de torção. E por aí afora é visível a busca do menor custo possível, obedecendo aos ditames do projeto de se fazer um carro barato.
Rodando com o Kwid, em função de seu peso bem reduzido (são apenas 758 kg na versão Life, 779 na Zen e 786 na Intense) essas diferenças não serão notadas pela absoluta maioria dos usuários. E as marcas de consumo anunciadas (14,9 km/l em cidade e 15,6 em rodovia, com gasolina, e respectivamente 10,3 e 10,8 km/l com álcool) são amplamente satisfatórias. Naturalmente caberá verifica-las na prática por ocasião de um teste de mais longa duração.
Também é satisfatório o comportamento geral do carro, desde que usado para o que se propõe. Assim a estabilidade é boa, o sistema de frenagem atua a contento. o câmbio tem relações de marchas bem acertadas e engates precisos. O acabamento é bom, as folgas entre as chapas normais, os plásticos utilizados não comprometem embora às vezes sejam fonte de ruídos e o espeço disponível é mais que suficiente para 4 pessoas. A eventual quinta, como em qualquer carro, é um pouco sacrificada.
Enfim, trata-se de um carro que não promete maravilhas mas cumpre corretamente tudo o que dele se pode esperar.