Fotos: Lucas Henk e divulgação Desde que foi apresentado ao mercado nacional, em 2012, o primeiro compacto da Toyota do Brasil nunca teve a seu favor a estética. Mesmo sabendo disso, a marca pouco fez para melhorar o visual de lá para cá, muito se valendo da sua aceitação no mercado, principalmente com o Corolla, que, de mês em mês, dá uma surra nos concorrentes. Para entender o porquê, entrei em contato com a marca e perguntei sobre a pouca alteração ao longo dos anos. A resposta foi a mais objetiva possível e até me senti “mal” por ter apresentado esta pergunta. Mas faz parte do meu papel de jornalista entender e questionar o que houver de dúvida. Então vamos à resposta.
“De acordo com pesquisas internas e externas realizadas pela Toyota, 99% dos clientes do Etios estão totalmente satisfeitos com os seus veículos. Dentre eles, apenas 4% apontam o design externo como um ponto de desagrado. Com um design tradicional e clássico, o modelo tem o melhor equilíbrio entre desempenho, espaço interno, custo de propriedade, dirigibilidade, segurança e consumo de combustível”, informou em nota a fabricante. Concordo em partes. De fato, o Etios traz um conjunto mecânico bem afiado. O acerto com a suspensão, o câmbio automático (mesmo retrógrado com quatro marchas), o volante e o motor é algo a reconhecer. Então bora conhecer mais da versão topo de linha Platinum 1.5 16V, por R$ 65.990.
Sob um olhar leviano, sim, ele é caro. Mas não é exclusividade da Toyota cobrar alto, haja vista que o primeiro e o segundo no ranking de vendas da Fenabrave, GM Onix e Hyundai HB20, também cobram por isso. O modelo sul-coreano, por exemplo, custa R$ 67.480 com todos os opcionais. Vale mais a tese de aceitação do público do que a segregação por marcas e o apelo que os concorrentes têm. A bordo A posição de guiar é bacana. Bom espaço para as pernas, volante com regulagem de altura e… Opa, o painel principal é centralizado, esqueci. Causou estranhamento quando olhei, confesso. Você acostuma, mas leva certo tempo. Por algumas vezes eu tive de “procurar” o velocímetro para saber em qual velocidade estava. À noite, a iluminação é fraca, causando certo desconforto ao condutor caso seja necessária alguma verificação no cluster.
Falando nele, desde que mudou, o marcador de velocidade e o conta-giros deram outro ar para o interior do Etios. Antes de ser com duas telas de 4,2 polegadas, os instrumentos eram analógicos, quase ao estilo dos anos 1950 quando a seta indicativa de velocidade andava de um lado para o outro, sem o ciclo de 180 graus como estamos acostumados. Outro ponto que o modelo precisa melhorar é a tela multifuncional de 6,2 polegadas, que, além de possuir baixa sensibilidade, não oferece comandos intuitivos, a mesma coisa ocorre com o Corolla XRS, em teste com Site do Carsughi. Tive de fuçar por um bom tempo até conseguir parear o meu smartphone. O acabamento não é dos piores, mas traz bastante plástico, o normal na categoria.
O volante com revestimento em couro tem boa empunhadura e a direção é precisa, tanto em baixas velocidades quanto em altas. Por meio de um botão no lado direito, você consegue acessar todos os comandos do carro que são dispostos nas pequenas telas centrais. Por ter de desviar o olhar para vê-la, ergonomia não é o forte do Etios. Ah, os bancos traseiros poderiam ser um pouco mais confortáveis, cairia bem ao hatch. O espaço interno não desagrada, e os 2460 mm de distância entre os eixos, 1510 mm de altura, 1695 mm de largura e 3884 mm de comprimento, comportam razoavelmente bem cinco adultos. Como ponto de comparação, o Hyundai HB20 Premium 1.6 (R$ 67.480) é pouca coisa maior. Seguindo a ordem acima, são 2500 mm para a distância entre os eixos, 1470 mm de altura, 1680 mm de largura e 3920 mm de comprimento. Note que o Etios é menor em quase todos os quesitos, a não ser pela largura.
O HB20 também sai na frente no tamanho do porta-malas, que comporta 300 litros, contra 270 l do hatch japonês. O tanque de combustível também é menor para o Etios, sendo 50 l e 45 l, na mesma ordem. São pormenores que, colocando na ponta do lápis, podem fazer diferença para um comprador indeciso. Como responde O motor do Etios avaliado é o 1.5 16V produzido na fábrica de Porto Feliz, São Paulo. São 107/102 cavalos de potência a 5.600 rpm, com etanol e gasolina. O torque máximo nesta configuração, a 4.000 giros, é de 14,4 kgf.m (combustível verde) e de 14 kgf.m (derivado do petróleo). A aceleração aos 100 km/h é cumprida em 11,1 segundos quando abastecido com etanol. Os números são bons, lembrando que o pequeno hatch pesa apenas 1.008 quilos, o que favorece o desempenho. Mas não apenas pelo baixo peso, o Etios também conta com o eficiente duplo comando de válvula variável (VVT-i), que otimiza a queima de combustível e permite variação no curso e no tempo das válvulas de acordo com a necessidade. Com base nas rotações, o sistema opta por uma configuração econômica ou de potência. No ano em que a Toyota aderiu ao câmbio automático, pensei: boa, além de trocar o desvalido mostrador, chega a opção sem embreagem. Legal! Tá, mas aí vi que seriam apenas quatro marchas e indaguei: pô, mas porque de quatro velocidades? A resposta veio com o com bom escalonamento das relações, muito eficiente na cidade e também em ciclo rodoviário. Além, claro, das trocas serem sutis, quase sem solavancos. Um fato esquisito me chamou a atenção. Sabe-se, evidentemente, que em ciclo urbano o consumo é sempre superior ao do rodoviário. Pois bem, depois de certo tempo de uso, fui conferir quanto que o Etios estava bebendo: olhei para exatos 9 km/l, e pensei: nossa, está excelente. Muito bem, depois de andar e andar por São Paulo, fui para Sorocaba, pela Rodovia Castello Branco, e notei que a média subiu pouco, apenas para 9,1 km/l. Não tem como a diferença ser tão baixa, algo estava errado. Pois bem, no dia da devolução essa matéria ainda não havia sido concluída e perguntei para um dos assessores, que estava com um engenheiro ao lado, o porquê daquilo. A resposta era de que poderia ser algum erro na leitura do componente. Aceitei a explicação sem hesitações. Tudo certo, tudo resolvido. Como eu já havia avaliado outro modelo, tinha anotado o consumo quando abastecido com o combustível verde: 8.1 km/l na cidade e 9.2 km/h na estrada. Itens de série O Toyota Etios 1.5 Platinum traz rodas de liga leve de 15 polegadas com desenho esportivo; sistema de áudio com tela touch screen, que permite espelhamento de smartphones; faróis de neblina; acabamento cromado na tampa do porta-malas; revestimento do volante em couro; retrovisores externos com indicadores de seta integrados; ar-condicionado analógico, vidros e travas elétricos; grade cromada e adereços esportivos pela carroceria; manopla de câmbio em couro; máscara negra na lanterna traseira; tapetes de carpete; sistema multimídia Toyota Play; ISOFIX; com áudio; Bluetooth; TV digital; DVD e GPS integrado. Parece muito, não é? Mas veja o que ele ainda poderia ter e que alguns dos seus concorrentes têm: sistema Tilt-Down, espelhos retrovisores abaixam quando a marcha à ré é acionada, com o VW Fox; controle de estabilidade e de tração, Ford Ka; Hill Assist, assistência de saídas em aclives, e vidros com sistema para não esmagar os dedos, como no GM Onix, por exemplo. Vale a compra? A Toyota se consolidou no mercado pelo slogan de carro que não quebra, o que justificam os excelentes números de vendas com o Corolla, Hilux e SW4. De fato, é um hatch que agrada, e muito, no quesito dirigibilidade, conforto, desempenho e também no pós-venda e manutenção barata. Faltam alguns pontos, que estão acima mencionados. O visual é subjetivo e pode gerar boa dose de debate. Mas, como não se pode comprar um livro apenas pela capa, ele é uma boa pedida se você quiser um carro racional. Antes de fechar negócio, lembre-se que existem o Hyundai HB20 1.6 Automático (R$ 67.480) e o GM Onix 1.4 Automático (R$ 63.300). Ficha técnica – Toyota Etios Platinum 1.5 16V – R$ 65.990 Motor: dianteiro, transversal, 4 cil. em linha, 16 válvulas, comando duplo variável, flexível; Cilindrada: 1,496 cm³; Potência: 107 cv/102 cv a 5.600 rpm; Torque: 14,7 kgf.m/14,3 kgf.m a 4.000 rpm; Câmbio: automático de quatro marchas; Direção: elétrica; Suspensão: McPherson com barra estabilizadora na dianteira e eixo de torção com barra estabilizadora na traseira; Freios: discos ventilados na dianteira e tambor na traseira Pneus: 175/65 R15 Comprimento: 3,77 metros Largura: 1,69 metros Altura: 1,51 metros Entre-eixos: 2,46 metros Tanque de combustível: 45 litros Porta-malas: 270 litros Peso: 1.008 quilos