Um dos maiores goleiros da história do futebol brasileiro disse adeus. Waldir Peres morreu vítima de um infarto fulminante, aos 66 anos.
Não tive a honra de ver Waldir em campo, ao vivo e a cores. A imagem que tenho do ex-goleiro e treinador, foi construída por meio de textos, vídeos e histórias marcantes que ficaram gravadas de torcedores que foram privilegiados com bom futebol. Conheço-o, portanto, pouco; mas o pouco que eu conheço já é bastante para eu ter um grande apreço por sua contribuição ao esporte.
Para mim, a maior marca de Waldir — e que sinto muita falta nos goleiros de hoje — é a simplicidade. Não floreava uma grande ponte para sair bem na foto. Era rápido, seguro e eficiente. Tinha a verdadeira essência de um goleiro. Tinha total ciência das suas qualidades; do que podia e do que não podia fazer; em que era bom e em que era ruim.
Assim conquistou o título brasileiro de 1977. Assim chegou à Seleção Brasileira, integrando o mágico grupo comandado por Telê Santana, que só quem realmente o viu pode explicar a razão de ter caído no Mundial de 1982.
Era o Waldir da catimba, que revolucionou o esporte ao apelar para a pressão psicológica sobre o batedor de pênalti. Ele não era o especialista em defender cobranças; mas mostrou excelência em desestabilizar o adversário.
Assim defendeu três pênaltis na final do Paulista de 1975.
Waldir também deixou um grande legado no Morumbi. Se Rogério Ceni é recordista de jogos com a camisa do São Paulo, muito disso deve-se a Peres. Este era, antes de Ceni, o jogador com mais partidas disputadas pelo tricolor. Ainda é o que tem mais jogos pelo Campeonato Paulista (343), mais partidas sem sofrer gols no Estadual (153) e nunca foi expulso — a disciplina também era uma grande marca sua. E mais: foi responsável direto para o São Paulo obter a maior sequência invicta da sua história, de 47 jogos.
E assim nos despedimos, agradecendo pelas contribuições a São Paulo, América-RJ, Guarani, Corinthians, Portuguesa, Santa Cruz e Ponte Preta, onde encerrou a carreira como jogador. Sobretudo, fica o aprendizado de que um grande time jamais deve ser começado por um bom atacante; mas por um excelente goleiro.