Bem como anunciado no fim de 2016, a Fiat Chrysler Automobiles confirmou, nesta terça-feira (13), que as portas da fábrica da Dodge em que o superesportivo Viper é fabricado, localizada na Conner Avenue, Detroit (EUA), serão fechadas no dia 31 de agosto.
Em um aviso local, a FCA confirmou o encerramento das atividades e informou aos 87 funcionários, que montavam manualmente o Viper, desde 1992, que serão realocados para outras plantas da marca.
Curiosamente, o porta-voz da FCA, Jodi Tinson, disse que as instalações da Conner Avenue continuarão a fazer parte do seu compromisso com Detroit, mas não conseguiram informar qual será o futuro para a unidade fabril em um prognóstico otimista.
Atingido em cheio pelas fracas vendas, o supercarro, conhecido por empregar poucas tecnologias em auxílio à dirigibilidade mas com excelente desempenho, emplacou em 2017 apenas 33 unidades, comprovando a tese de que a última geração, nascida em 2013 sob grande especulação, não conquistou os fãs.
A melhor analogia de purista
Sabe-se que o Viper veio ao mundo para reger o trono deixado pelo Shelby Cobra, mas seu projeto inicial nasceu em 1988 já no fim da Chrysler Advanced Design Studios. O papo na alta cúpula era de que deveria haver um substituto bem mais moderno para o Cobra. Eis que o protótipo fora apresentado em 1989 no Salão de Detroit, com excelente aceitação do público e também da imprensa especializada.
A produção da primeira geração, o RT10, começou em 1992 e foi até 1995. Pesando 1.490 quilos, o Viper tinha um motor V10 de 407 cv a 4.600 rpm com 64,2 kgfm de torque, números que fazia o esportivo chegar aos 100 km/h em 4,7 segundos e máxima de 264 km/h. A título de informação, nem ar-condicionado havia a bordo até 1994 o que, a partir de então, começou a ser oferecido como opcional.
Em 1996 chegou o GTS, mais precisamente uma versão cupê. Mais leve e com chassi redesenhado, o Viper agora contava com 25% mais rigidez torcional e ganhou 51 cavalos em relação ao modelo anterior. Seus principais concorrentes norte-americanos eram o Chevrolet Corvette C6 e o Ford Mustang GT500, mais tecnológicos mas não tão agressivos ao volante.
A terceira geração veio em 2003 e durou até 2006. Ainda mais potente e agora chamada de SRT-10, a víbora contava com motor de 8,3 litros com 507 cv e parrudos 72,6 kgfm de torque máximo. Até os 100 km/h cumpria em 3,7 e a velocidade final era de 310 km/h. Nenhum Viper foi produzido em 2007, em vez disso, a Chrysler preferiu dar ao modelo de 2006 um funcionamento prolongado enquanto preparava a atualização do superesportivo para 2008.
Tal novidade chegou e detinha um propulsor V10 que empurrava para as rodas traseiras 608 cv. No entanto, com a compra da Chrysler pela Fiat, em 2010, não houve novidades até 2012. Poucos meses depois chegou o Viper ACR, American Club Racing, com o V10 8.4 de 654 cv a 6.200 rpm e 83 mkgf de torque a 5.000 rpm. O modelo, que se arrastou nas vendas, oferecia visual bastante agressivo, o que enaltecia a expressão “das pistas para as ruas”. Por fora, havia spoilers laterais, uso de fibra na carbono na carroceria e uma enorme asa traseira. Tudo isso deu à víbora capacidade de aceleração lateral de até 1,5 g. Uma estupidez!
Em meados de 2016 a Fiat Chrysler anunciou a aposentadoria do Viper com cinco versões de despedida, todas com motor V10 8.4 aspirado de 654 cv de potência e 83 mkgf de torque máximo, que são: Viper 1:28 Edition ACR; Viper GTS-R Commemorative Edition ACR; Viper VoooDoo II Edition ACR; Viper Snakeskin Edition GTC e Viper Dodge Dealer Edition. O modelo se despede deixando um legado de ser um dos mais emblemáticos carros de produção que prezava por entregar o mínimo de tecnologia possível aos condutores, deixando a sorte das próprias habilidades ao volante sobre cada um.