Não é normal um time ter 66% de posse de bola, acertar o alvo apenas cinco vezes em 27 finalizações, errar 33 cruzamentos e não marcar um gol. Pior: apresentar uma falha de posicionamento que beira o grotesco, com apenas três minutos de jogo, e não conseguir ilustrar uma reação nos demais 87 minutos.
Assim se resume o desempenho do São Paulo diante do Atlético-PR. Sofreu um gol logo no início, pressionou o adversário e só teve duas chances claras de gol — sendo a última, com Wellington Nem, a que poderia ter evitado a derrota.
São Paulo perdeu por dois motivos. O primeiro, é claro, a defesa, que mais uma vez contou com erro individual. Acredito que o lance da recuada do Lugano para Renan Ribeiro, sem ver a saída do goleiro e quase entregando o próprio patrimônio ao oponente, resume perfeitamente o que é a defesa tricolor hoje. Quanto à segunda razão, essa tem respeito à falta de ousadia.
O Atlético-PR fez o gol e se fechou. O São Paulo adiantou a marcação e sufocou o adversário, fazendo o básico: trocava passes curtos, ora abria na direita ora na esquerda, cruzava na área, pegava a sobra, e repetia a fórmula. A maioria das jogadas eram de cruzamentos. Às vezes tentava de fora da área, mas sempre rebatia na defesa rubro-negra ou o chute saía fraco para Weverton defender com tranquilidade.
Cueva, quando acionado, indicava alguma luz. No segundo tempo, Ceni tentou proporcionar mais ao colocar Denilson, que foi apresentado ontem ao clube, mas a falta de entrosamento dificultou. Além disso, o São Paulo poderia ter perdido por mais, uma vez que lançado ao ataque ficava totalmente exposto na defesa. Não aconteceu pela incompetência do ataque paranaense.
Há quem diga que o São Paulo jogou bem na Arena da Baixada. Eu discordo, pois é como se fosse uma luta de boxe: não há como nocautear o adversário sem, pelo menos, encaixar um golpe certeiro.