Fotos: divulgação
Toda apresentação de superesportivo gera expectativa para a maioria dos jornalistas automotivos. Na verdade, essa máxima se aplica para qualquer modelo, desde os populares até os fora de estrada. No entanto, quando recebi o convite AMG Performance Tour 2017 da Mercedes, a ansiedade foi ainda maior.
O leitor pode se questionar: oras, mas vocês estão acostumados com esses supercarros? Sim, de fato, mas estou falando do Mercedes AMG GT R, nada menos do que a evolução do GT S e o terceiro membro da família GT, algo bastante singular. Não por acaso, em 2017 a marca comemora o aniversário de 50 anos do nascimento da AMG, divisão esportiva criada em 1967.
O supercupê nasceu a partir de diversos testes realizados no autódromo de Nürburgring, Alemanha. Da mesma forma que inúmeras tecnologias empregadas no modelo AMG GT3 são existentes no GT R. O propulsor é o mesmo V8 4.0 biturbo do GT S, só que agora com 593 cv a 6.250 rpm e 71,3 kgfm de torque entre 1.900 rpm e 5.500 rpm. São 83 cv a mais do que o modelo originário, justificados pelo aumento na taxa de compressão, elevação de 1,2 bar para 1,35 bar na pressão dos turbos e também o remapeamento do módulo do motor.
Acabei sendo um dos últimos jornalistas a acelerar o bólido, pois havia uma lista de espera. Enquanto isso, diversos membros da família AMG estavam disponíveis para garantir o entretenimento dos jornalistas até a hora mais aguardada. E chegou a minha vez! Ao entrar no GT R, por um momento pensei que seria “mais um esportivo” em minhas mãos naquele belo dia. Inocência a minha.
Ao sentar, o banco em formato concha me abraçou de tal maneira que logo percebi que ali a historia seria diferente. O interior é arrebatador e mescla couro nappa e microfibra DINAMICA, esta última muito utilizada em modelos de competição. Vejo as belas soleiras AMG em fibra de carbono, dando mais tensão ao momento. No console central, há um botão giratório que seleciona o modo condução escolhido, que podem ser: Individual, Comfort, Sport, Sport+ e Race. Mas eu só pude escolher até o modo Sport+. Imaginei ser uma pena, mas fui confiante.
Ao sair dos boxes, o ronco emitido em baixo regime de rotação é estimulante. Obviamente que nenhum jornalista pôde andar sozinho em nenhum dos modelos. Ao meu lado, um piloto profissional deu o aval para que eu pudesse pisar fundo, o que fiz sem medo de ser feliz. O susto! De 0 a 100 km/h o AMG GT R cumpre em 3,6 segundos, enquanto que a máxima fica eletronicamente limitada em 318 km/h, 0,2 s mais rápido e 8 km/h de final superior que o GT S. O câmbio é de dupla embreagem com sete velocidades.
Autodenominado piloto
Logo comecei a desconfiar das minhas habilidades ao volante (entendo um pouco, haja vista que já fiz curso de pilotagem), pois o carro se comportava de forma serena e eu não precisava brigar para manter o controle. Mas a minha alegria pouco durou. Lembrei que estava conduzindo um supercarro de R$ 1,2 milhão com inúmeras tecnologias de condução, como, por exemplo, os nove tipos de controle de tração (!) atuantes. A excelente distribuição de peso, 47% na frente e 53% atrás, dá-se, em grande ajuda, pela caixa de câmbio localizada no eixo traseiro e também pelo motor estar alocado atrás do eixo dianteiro. Por isso o bom equilíbrio.
O carro simplesmente gruda no chão. Os novos desenhos das asas dianteiras e traseiras permitem maior aderência e realização de curvas em altas velocidades. E este novo formato deixou a frente do cupê 46 mm mais larga do que o GT S, enquanto que a parte detrás ficou 57 mm maior. A saída do escapamento é cerceada por um duplo difusor que ajuda a expelir o ar que passa sob o carro, o que melhora, e muito, a turbulência.
Na parte dianteira, existe um defletor ativo que desce 4 cm de forma automática em velocidades acima dos 80 km/h (em modo de condução Race, o qual não pude usufruir) ou 120 km/h (nos modos Comfort, Sport e Sport+). Tal item melhora o fluxo de ar que passa embaixo do GT R, o que o torna o mais aerodinâmico possível.
O resultado: todas as medidas sobreditas combinadas fazem com que o GT R consiga extrair excelente pressão aerodinâmica de 155 kg. Com a adrenalina em alta, o piloto ao meu lado pediu para que eu diminuísse a velocidade próximo a entrada dos boxes. E como alegria de criança dura pouco, cada jornalista teve direito apenas a duas voltas com o modelo, mas o suficiente para enaltecer que algo já muito eficiente, sempre pode ser melhorado.
Mais sobre o Mercedes AMG GT R
Para compor o visual musculoso do modelo, a Mercedes calçou no cupê pneus Michelin Pilot Sport Cup, sendo suas medidas 275/35 aro 19 polegadas na frente e 325/30 aro 20 pol na parte traseira. Os freios, padronizados, vêm com discos ventilados de 390 mm na frente e 360 mm atrás. Caso o comprador opte por gastar cerca de R$ 80 mil a mais, o acessório pode ser de carbono/cerâmica com diâmetro de 402 milímetros na parte frontal e 360 milímetros na parte traseira.
O sistema de escape está seis quilos mais leve do que o do GT S, graças ao uso de titânio e aço inoxidável em sua composição . O cupê traz o AMG DYNAMIC SELECT, que são modos de condução disponíveis: “C” (Conforto), “S” (Sport), “S +” (Sport Plus) e “I” (Individual). O modo “RACE”, supracitado nesta matéria, altera o tempo de reação e resposta da transmissão às necessidades de uso, da mesma forma que o ronco do motor, acelerador e suspensão.
O eixo traseiro autodirecional ajusta as rodas traseiras dentro de um mapa operacional predefinido por meio de um controle eletrônico. Em outras palavras, as rodas têm a capacidade de virar até 1,5 grau no sentido contrário ao das dianteiras em velocidades de até 100 km/h e no mesmo sentido acima dos 100 km/h, o que melhora, e muito, a capacidade do GT R em contornar as curvas.
Afora tudo isso, todas as tecnologias mencionadas precisam trabalhar em harmonia com a relação peso/potência. Neste caso, são de 2,66 kg/cv. Eis que a Mercedes fez o modelo passar por dieta. O novo AMG GT R perdeu 15 kg em relação ao GT S, apesar de incorporar características muito mais técnicas, como a nova carroceria mais encorpada, bloqueio eletrônico do diferencial traseiro, a aerodinâmica ativa, os reforços do corpo e do chassi, dentre outros.
Veredicto
É um supercarro para compradores de personalidade. Sim, pois mescla visual agressivo e muita tecnologia empregada. Permite que o proprietário vá rodando aos track days, devore curvas e volte tranquilamente para casa a bordo do AMG GT R. Ah, as primeiras unidades do cupê chegam às lojas em agosto.
Ficha técnica – Mercedes AMG GT R
Preço: R$ 1,2 milhão
Motor: gasolina, V8 4.0, 32 V, biturbo, 593 cv a 6.520 rpm
Torque: 71,3 kgfm entre 1.900 a 5.500 rpm
Câmbio: dupla embreagem com sete velocidades
Aceleração de 0 a 100 km/h: 3,6 segundos
Velocidade máxima: 318 km/h
Peso: 1.630 kg
Pneus: 275/35 R19 (F) / 325/30 R20 (T)
Capacidade do porta-malas: 175 litros
Tanque de combustível: 75 litros
Dimensões: comp. 4.551 cm, larg. 2.075 cm e alt. 1.284 cm