Em um certo dia, estive vagando pelas redes sociais e me deparei com um belo texto sobre o preconceito alastrado pelas arquibancadas do país. O autor, então, questionava o leitor sobre o que homossexuais que frequentam estádios devem pensar sobre o grito de “bicha” no momento do tiro de meta — assunto que, inclusive, já fora abordado neste site, na matéria Um grande paradoxo —, mas foi lendo alguns comentários que fiquei um tanto preocupado com o ser humano.
Muitos deles diziam que o grito homofóbico “faz parte do futebol esse tipo de coisa. Querer que isso mude é muito ‘mimimi’ de politicamente correto”. Afirmações como essa representam um pensamento retrógrado, que tem como defesa o argumento de que “sempre foi assim, e querer mudar agora é muito politicamente correto”.
O futebol, dito esporte mais popular do país, é também o mais preconceituoso. Se por um lado ele serve de grande estimulador para o combate à discriminação racial, por outro é um gigantesco influenciador para o afloramento da homofobia.
Em toda a história, jamais um atleta futebolístico afirmou ser homossexual, pois é impedido pelo medo — e isso é compreensível. Neste ano, Richarlyson — aquele que jogou no São Paulo — foi recebido no Guarani com bombas, porque meia dúzia de torcedores não aceitam que ele fale ou gesticule de uma maneira diferente da maioria dos homens héteros e machistas.
A visão que temos hoje é de que o machismo jamais se separará do futebol, e é ele quem provoca o crescimento da homofobia no esporte. Assim, os gritos de “bicha”, direcionados a torcidas e jogadores dos times adversário, continuarão se alastrando pelas arquibancadas, passando a imagem de que ser “bicha” é algo ruim.
Vale, portanto, a reflexão: que tipo de pessoa ligada ao esporte — jogador, diretor ou torcedor — assumiria a sua homossexualidade, uma vez que isso é visto como uma das piores fatalidades que poderia acontecer em sua vida?
E mais: seria mesmo “mimimi” da minha parte ou isso realmente deve continuar porque é uma cultura do esporte?