O Brasil saiu na frente, dentro da holding FCA, com a introdução na sua gama de produtos de dois novos motores, um 1.0 de 3 cilindros e um 1.3 de 4 cilindros, destinados à gama Fiat.
Trata-se de motores modulares, isto é o 3 cilindros passa a ser um quatro cilindros apenas pela adição de mais cilindro. Cada cilindro tem o volume de 333 cm³, o que mostra uma cilindrada de 999 cm³ para o irmão menor e de 1.332 cm³ para o maior.
A grande vantagem construtiva (e que traz considerável sinergia econômica) é a igualdade de pistões, bielas, formato da câmara de combustão, variador de tempo de admisão, e por aí afora. Além da introdução de comando da ignição por corrente silenciosa que não requer manutenção. E a todo um exaustivo trabalho visando a redução de atritos internos, que permitiu até mesmo renunciar ao clássico contro-eixo de equilibração substituído por um volante expressamente desbalanceado. Por fim, a taxa de compressão de 13,2 : 1 completa perfeitamente o bom trabalho efetuado pela engenharia em Betim.
Tecnicamente estes motores se destacam pela adoção do variador de fase que atua no comando de válvulas (que é único) mantendo aberta por mais tempo a válvula de aspiração após o pistão ter passado pelo ponto morto inferior. Assim limita-se a fase de de compressão em relação à de expansão e se obtém um melhor rendimento, embora prejudique a potência. Mas como nestes novos motores isto só é usado em cargas baixas (isto é quando se pisa pouco no acelerador), não obstante só terem duas válvulas por cilindro o rendimento volumétrico é otimizado. Em outras palavras, no motor 1.0 permitiu chegar a 77 cv a 6.250 rpm, com um torque máximo de 10,9 kgfm a 3.200 rpm. Isto representa não só um ganho de 2 cv em relação ao motor 1.0 anterior mas, sobretudo, um ganho de 1 kgfm, o que confere ao carro em que for utilizado uma maior elasticidade e conforto.
Quanto ao motor 1.3, o progresso em relação ao anterior 1.4 é clamoroso. Aquele tinha 88 cv a 5.750 rpm enquanto este oferece nada menos que 109 cv a 6.250 rpm, um incremento de 24% ! E o torque acompanha isto, passando de 12,5 kgfm para 14,2 kgfm no mesmo regime de 3.500 rpm.
Para sentir o que estes novos motores trouxeram como vantagens para o usuário, utilizamos duas versões do Uno, um com motor 1.0 e outro com motor 1.3 e, em ambos, este progresso em relação aos motores anteriores (1.0 de 4 cilindros e 1.4) foi evidente.
Há um maior silencio de funcionamento e,no caso do motor 1.3, o aumento de potência (de 88 cv no 1.4 para 109 deste 1.3) foi clamoroso, tornado sua utilização muito mais agradável. Para o usuário comum, a impressão é que se trate de um motor de cilindrada bem maior, 1.5 ou até mesmo 1.6, dependendo dos casos.
Quanto ao consumo, em trânsito urbano extremamente congestionado, e com ar condicionado constantemente ligado, o 1.0 fez 6,1 km/l. Por seu lado, o 1.3, sempre com ar condicionado ligado mas com trânsito menos congestionado, atingiu 7,3 km/l. Como dois carros não tinham o mesmo tipo de transmissão, pois o 1.0 utiliza um bom manual de 5 marchas enquanto o 1.3 tinha o automatizado Dualogic e o teste foi realizado em dias diferentes, entendemos que a comparação não seria válida. De qualquer forma é interessante destacar que o carro equipado com motor 1.3 tinha também o sistema “start&stop”, o que permite uma boa economia (pode chegar a 15%) sobretudo em trânsito congestionado como costume ser o de São Paulo.
Estes dois motores constituem uma novidade que, ao menos por certo tempo, não terá sequência na Europa pois o desenvolvimento dessa linha implicará na introdução de algumas tecnologias já presentes na atual produção FCA como distribuição MultiAir, injeção direto e turbo. Isto, em função da necessidade de acerto e homologação de novos motores custar tempo e dinheiro. pelo que é crível que serão vistos na Europa apenas quando do lançamento de novos carros. Por ora, podemos aproveita-los aqui entre nós…