Flamengo e Fluminense protagonizaram, ontem, um dos melhores jogos do ano em solo nacional. Espetáculo no campo e nas arquibancadas, que contavam com torcidas mistas das duas equipes.
Até o início do clássico, a maior discussão nos bastidores tinha respeito à medida da Justiça do Rio de Janeiro de o confronto ter apenas a torcida do Fluminense. Fala-se muito de que torcida única seria o etnocídio, o genocídio cultural do futebol brasileiro; mas mal paramos para refletir a verdadeira razão para que cheguem a tomar providências como essa.
Somos mal-educados.
O problema da violência nas arquibancadas ou, até mesmo, fora do estádio é o mesmo de sempre: o ser humano. Todos os dias pedimos pelo fim das torcidas organizadas, pela proibição de bandidos nos estádios, da exclusão permanente daqueles que fazem do espetáculo uma confusão. Entretanto, esquecemos que somos o problema.
Nascemos em uma sociedade cuja cultura pode ser resolvida na base da violência. Estamos inseridos em um contexto no qual é extremamente fácil apontar que o culpado é você, e muito mais difícil de dizer que sou eu. Mais ainda que somos nós.
Se você é o culpado, você merece arcar com as conseqüências, e ninguém está nem aí se o clube de coração será prejudicado.
Torcida única não acaba com a violência, mas destrói culturas. Nós somos a causa disso tudo, e enxergar isso tem sido cada vez mais difícil.