Quando a carreira de Rogério Ceni estava perto de seu final, pensei que sua continuidade no São Paulo ocorreria como cartola, quem sabe inicialmente como homem-imagem e de alguma forma ligado ao à organização do clube. E, com o passar dos anos, acabaria forçosamente sendo presidente do tricolor, quem sabe o mais jovem da história.
Nesse percurso que imaginei ele teria sempre a seu lado a torcida e sua brilhantíssima carreira constituiria o aval para, quem sabe, voos ainda mais altos quando seus cabelos já tivessem embranquecido. Talvez presidente da CBF, para dar um jeito numa entidade que vem vivendo ha tempos situações conturbadas (isso para usar um gentil eufemismo), ou então representante do Brasil junto à FIFA.
Assim confesso que a escolha pela profissão de técnico me surpreendeu, não por falta de capacidade (isto só poderemos avaliar com o tempo) mas por se tratar de um cargo de risco, sujeito como está aos resultados. E da convicção que muito dificilmente um técnico fica longos anos no mesmo clube. Os exemplos que se fazem, de Fergusson no Manchester United a Wenger no Arsenal, são as costumeiras, raras exceções que confirmam a regra geral : uma longa série de insucessos é o caminho para a demissão.
Para Ceni, nesta sua função de técnico do São Paulo, fica seu passado no clube a dar-lhe uma maior estabilidade, mas é evidente que, em caso de seguidos fracassos, sua carreira no tricolor chegará ao fim. E aí fica minha dúvida : a imagem de Rogério Ceni tão profundamente ligada ao São Paulo não constituirá um obstaculo à mais para a seqüência de sua carreira como técnico num outro clube ?
A eventual resposta só o futuro poderá nos dar.