Ao lançar a linha Duster para este ano, a Renault apresentou seu novo motor 1.6, denominado SCe, que em relação ao anterior apresenta um aumento de potência. Assim agora são 120 cv com etanol e 118 cv com gasolina sendo que, com qualquer dos dois combustíveis, o torque máximo é de 16,2kgfm.
Esta questão de torque máximo, por si, pouco representa, pois não adianta ter um pico elevado se isso ocorre apenas numa estrita faixa de rotação. No caso do novo motor 1.6 é a curva de torque que foi beneficiada, sendo melhor em praticamente toda sua extensão. Isto, para o usuário pouco afeito às questões técnicas, é sentido numa maior facilidade de aceleração e retomada, o que torna mais agradável dirigir o Duster.
A este fator se soma um bom câmbio de 5 marchas, de relações bem acertadas, o que permitiu reduzir o consumo, também influenciado positivamente pela redução de atritos internos. Aliás mecanicamente deve-se ressaltar a substituição da correia de acionamento do duplo comando de válvulas por uma corrente, o que representa maior durabilidade e redução de manutenção. No mesmo sentido, ocorreu a eliminação da polia tensora no sistema de acessórios, agora acionado através uma correia elástica. E, por fim, deve-se lembrar que o coletor de escapamento foi integrado ao cabeçote, proporcionando mais eficiência na fase final da combustão. Isso tudo monitorado por uma nova “centralina” eletrônica que otimiza todas as alterações introduzidas onde a redução de peso (são cerca de 30 kg a menos) fruto da utilização de alumínio em lugar de ferro fundido, não é uma vantagem desprezível..
Rodando em São Paulo com este Duster 1.6 tivemos, em trânsito bem pesado, média de 4,4 km/l usando etanol e verificamos que, quando se consegue, num trecho mais livre (e plano) engatar a 5.a marcha o carro parece deslizar, como se o câmbio estivesse em ponto morto. Na estrada isso será observado com a necessidade de menor pressão no pedal do acelerador e, consequentemente, menor consumo.
Pelo resto, o Duster pode ser definido como um carro “honesto”.
Tem, é claro, alguns pequenos defeitos, como a ausência de um apoio de braço para o passageiro que senta na frente, detalhe que um bom tapeceiro pode resolver. E outro, que só a Renault pode resolver, quanto à localização da tela de informação que deveria ficar numa posição mais alta, acima das saídas de ar e não abaixo delas, para ter uma boa visibilidade em qualquer situação.
Em conclusão, o Duster não promete maravilhas, não tem o apelo de um Range Rover, por exemplo, mas é bem acabado, leva com conforto seus 5 ocupantes, tem um bom porta-malas, é estável o suficiente para o que se propõe, sua direção tem a precisão necessária sem ser pesada, freia bem, sem alterações de trajetória, e tem, sobre muitos de seus concorrentes, uma grande vantagem: na versão mais luxuosa (a Dynamique) custa R$ 72.580 reais enquanto a de entrada (Expression) sai por R$ 66.490. Isso explica seu sucesso comercial.