Em três dias, o Internacional me fez refletir sobre os papeis de um dirigente de futebol, desacreditar na humanidade e ver que há uma luz no fim do túnel do futebol brasileiro — mas muito distante.
No primeiro dia, o vice-presidente Fernando Carvalho roubou a cena comparar a tragédia da Chapecoense com a “tragédia particular” do clube, dizendo que seria prejudicado pelo adiamento da última rodada do Campeonato Brasileiro.
No segundo, todo o elenco do clube se reúne para conceder entrevista coletiva, pedindo o cancelamento da última rodada. Uma tentativa — que ficou extremamente claro a todos que viram — de se aproveitar de uma das maiores tragédias da história do futebol para permanecer na elite nacional.
Imediatamente após isso, o presidente do América-MG Alencar da Silveira publicou em seu perfil no Twitter que seu clube não teria condições de jogar a última rodada e que os atletas até tinham sido dispensados.
Se, de fato, acontecer o cancelamento, o clubes que forem rebaixados terão motivos para recorrer à Justiça.
Hoje, os atletas — somente os atletas —, após tanta polêmica, parece que acordaram para o mundo real. O meia Alex garantiu que os jogadores irão aceitar o rebaixamento caso a última rodada do Campeonato Brasileiro seja cancelada pela CBF.
“Independente de como está a tabela, se for o caso de acabar o campeonato, não ter partida e a gente for rebaixado, vamos ter que aceitar, porque a gente não fez por onde estar numa situação melhor hoje”, afirmou.
Além disso, o América-MG já anunciou que entrará em campo na última rodada, caso realmente aconteça.
Agora, em meio a tudo isso, eu acho inadmissível haver esses tipos de manifestações e até discussões dos fatos. Parece que ainda não ficou claro que se passaram apenas três dias após a tragédia na Colômbia. Parece que não sabem que o velório não aconteceu ainda — talvez custasse muito esperar —, mas depois das declarações do segundo dia fiquei me perguntando se realmente se importavam com isso.
Fato é que toda essa situação poderia ser resolvida da forma mais simples possível: espera-se o fim do velório, na semana que vem todos os dirigentes dos 20 clubes da Série A, junto do presidente da CBF, se reuniriam para discutir o futuro do futebol no país e chegariam a um acordo.
O problema é que o “simples” acaba se tornando o “impossível”, pois no país do futebol cada dirigente age como bem quer. O presidente da maior entidade nacional está tão distante de cumprir suas funções que ainda deve acreditar que acontecerá uma festa em Chapecó.
Eles fazem do futebol brasileiro a verdadeira casa da sogra, mas eu vejo uma luz num futuro muito — mas muito mesmo — distante.