O Toyota Prius comemorou seus quase 20 anos de vida com a chegada da 4.a série, e aumentou o número de seus apreciadores, mesmo hoje quando carros híbridos não constituem mais uma novidade e muitas montadoras os têm em suas linhas de produção.
É racionalmente difícil apontar para uma diferença básica do Prius com os demais carros “verdes”, mas percebe-se que essa diferença existe e o torna único em seu gênero. Assim, por exemplo, foi bem aperfeiçoado o complexo conjunto dos motores e seu inovativo câmbio que hoje atua muito melhor do que no passado.
Da mesma forma, melhorou bastante a dirigibilidade em função da utilização da nova plataforma Triga (Toyota new global architecture), um novo sistema de projeto e produção que será utilizado em todos os futuros produtos. Com ele se reduzem as variações dos vários carros, limitando-as a cinco alternativas, o que simplifica projeto e construção.
O novo Prius encorpou, ganhando 6 cm em comprimento e 1,5 em largura, é mais baixo 2 cm. Além disso o conjunto de baterias foi colocado sob o assento traseiro e o motor abaixado em 1 cm, o que produziu um baricentro mais baixo que, conjugado com a nova suspensão traseira multilink (são 3 braços e meio), melhorou a estabilidade do Prius. O grupo de transmissão híbrido, que é o “coração” de todos os Toyotas com dupla motorização térmica e elétrica foi reprojetado e agora é mais compacto (comprimento reduzido em 47 mm) e eficiente (as perdas por atrito foram reduzidas em 20%). Paralelamente a nova eletrônica que controla a potência elétrica foi compactada em 33%.
O motor a gasolina é sempre o 1.8, quatro cilindros, de ciclo Atkinson (as válvulas de aspiração fecham um pouco depois de forma a provocar uma fase de expansão maior do que a de compressão). Isto, e outras pequenas mudanças, elevaram o rendimento térmico de 38,5% para 40%, uma marca recorde. A potência do motor a gasolina é de 98 cv enquanto o motor elétrico principal denominado MG2 (o outro, MG1, atua principalmente como um gerador de energia carregando a bateria e funciona também como motor de partida do motor a gasolina) fornece 72 cv, sendo que a potência total efetiva fica em 122 cv.
Rodando com o Prius percebe-se um carro bem ajustado, que enfrenta as curvas sabendo o que fazer e não sofre as improvisas mudanças de direção que acompanhavam antigamente seu rodar. E o consumo, ao redor de 26 km/litro na cidade, é sempre um dos seus pontos altos, permitindo uma autonomia das maiores (cerca de 1.100 km na cidade e 900 km em estrada, aqui naturalmente variando de acordo com a velocidade).
Em síntese, o trabalho que Takeshi Uchiyamada começou mais de duas décadas atrás, com a invenção da tecnologia híbrida naquele projeto G21 que pareceu inicialmente enloquecê-lo (durante nada menos que 49 dias o protótipo nem se mexia), continua progredindo a passos largos. E – certamente – não vai parar por aqui, pois ele, que completa 70 anos e desde 2013 é presidente do board Toyota, parece decidido a colocar, ao lado de gasolina e diesel, o hidrogênio. E quer fazer acontecer isso em breve, como o Toyota Mirai, à venda em vários países desde o ano passado, já está demonstrando. Aliás a palavra escolhida para este carro – Mirai – em japonês significa “futuro”, o que espelha bem a visão programática de Uchiyamada.
Toyota Prius, a economia no silêncio
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