Ontem pela manhã, ao me deparar com as notícias da tragédia que abateu a Chapecoense e tantos amigos da imprensa, por um instante voltei no tempo. Me senti naquele dia 4 de maio de 1949 quando, um inesperado telefonema de Roma, do “Corriere dello Sport”, do qual era correspondente no Brasil, me avisava da tragédia de Superga, em que falecera todo o time do Torino e me pedia uma matéria com as repercussões por estas bandas.
Hoje a tragédia ocorreu aqui, e se soma ainda às do Manchester United, The Strongest, Alianza Lima e seleção de Zambia, como marcos tristíssimos de eventos que jamais gostaríamos de comentar. Este ainda mais triste pois com ele se foram amigos de longa data na nossa profissão, numa evidência dos implacáveis e insuperáveis limites humanos. Hoje aqui estamos, amanhã só Deus sabe…
Dentro daquilo que os homens podem fazer para lembrar resignadamente o acontecido, algumas atitudes devem ser lembradas. Como a do Atletico Nacional, pedindo que a Taça seja entregue à Chapecoense. Da Conmebol planejando garantir ao time catarinense o acesso à Libertadores. Do Palmeiras e do Flamengo se propondo a entrar em campo no último jogo deste campeonato com o uniforme da Chapecoense. Do luto oficial de 3 dias estabelecido pelo Governo. Do imprescindível adiamento da final da Copa do Brasil. Dos clubes nacionais trocando suas fotos nas redes sociais pelo escudo da Chapecoense. Do apoio de muitos clubes internacionais. E de tantas outras iniciativas que tem sempre o mesmo objetivo.
Uma última reflexão traz á tona a velha pergunta : o avião mata o futebol ? Em minha opinião, não. Um exame racional das estatísticas de acidentes mostra que, entre os meios de transporte, ônibus e até mesmo trem, tem índices superiores de mortes por quilômetro rodado. É, claramente, uma estatística triste, mas não deixa de representar a verdade, nua e crua.