Quem não gostaria de ter um Jaguar em sua garagem ? Poucos diriam que não, pela fascínio “british” dessa marca tradicional, pela sensação de luxo e conforto que seus carros oferecem e, a não ser desprezado, um toque esportivo extremamente agradável.
Mas quanto custa satisfazer este desejo? Atualmente são necessários R$ 181.560 reais para entrar na posse do modelo de entrada da marca, o XE 2.0 Turbo. E este carro responde ao que se espera de um verdadeiro Jaguar?
Para responder a esta pergunta, rodamos um bom tempo com um desses, na cor branca, com estofamento preto e costuras brancas e chegamos a uma resposta positiva. Sim, vale a pena, este, embora seja o modelo de entrada, já é um verdadeiro Jaguar.
Ao rodar percebe-se de imediato a pronta resposta do motor, com seus 240 cv e uma excelente curva de torque, que “casa” muito bem com a já conhecida transmissão ZF de 8 marchas. Esta aliás oferece, entre outras, a opção “sport” e o acionamento por meio de borboletas situadas atrás do volante.
Em curvas, graças à eletrônica, a eventual saída de traseira quando se passa do limite é imediatamente corrigida e não causa problema algum, mesmo ao mais desprovido dos motoristas. E ao rodar normalmente o carro apresenta uma agradável síntese de conforto e silêncio, incrementado pelos excelentes bancos dianteiros que acomodam perfeitamente o corpo.
Aliás, para o motorista é fácil obter a posição de dirigir desejada, pois o volante é amplamente regulável: são 6 cm em profundidade e 4 cm em vertical, enquanto os joelhos ficam, na sua parte inferior, a 46 cm do solo. Em suma, ótimo.
Mas vale a pena contar um pouco de como os engenheiros de Coventry mudaram o carro, numa reviravolta sem precedentes com o passado, abandonando o tradicionalismo para inovar, e muito.
Assim, se lembramos que o monocoque da XJ de 2003 era composto por cerca de 70% de ligas leves tradicionais e pelos outros 30% de ligas de elevada resistência, veremos que nesta XE as porcentagens mudaram drasticamente. Agora são cerca de 75% as partes de alumínio e ligas de magnésio e apenas 25% as de aço, praticamente concentrado nas portas e tampa do porta-malas. Destaque-se que o monocoque, onde foi usado alumínio série 6.000 de elevada resistência, teve sua laterais estampadas em peça única com espessura de apenas 1,1 mm (antes eram de 1,5 mm) sem por isso perder rigidez e robustez.
Mas as modificações não pararam aí. Os novos motores, da família Ingenium, desenvolvida a partir do zero, trazem um bloco de alumínio com paredes de espessura reduzida e paredes interiores dos cilindros de ferro fundido obtendo-se assim o melhor equilíbrio possível entre peso, robustez e acabamento. A isso se somam o arrefecimento separado para o cabeçote, o termostato e as bombas de água e óleo com controle eletrônico que melhoram o rendimento.
Quanto às suspensões, encontramos na frente o esquema de dois braços oscilantes sobrepostos (o mesmo do Jaguar F-Type) e atrás um link integral com ampla utilização de alumínio. Tudo isso com a intenção de reduzir drasticamente o peso do carro que tem ainda a seu favor um excelente coeficiente de penetração aerodinâmica, de apenas 0,26.
Em resumo, mesmo quem não é um apaixonado por mecânica, pode ter certeza de estar na direção de um carro que não fica nada a dever não só à tradição Jaguar, mas também a seus diretos concorrentes. Confira o vídeo que fiz testando o carro: