O país que tanto luta pelo fim de qualquer tipo de preconceito nas arquibancadas é o mesmo que grita “bicha” quando o goleiro adversário vai cobrar o tiro de meta.
Ontem, na vitória do Brasil sobre a Colômbia por 2 a 0, não foi a primeira vez que a torcida se manifestou dessa forma. Isso aconteceu em uma série de jogos, tanto do torneio masculino quanto do feminino, independente dos países que estavam em campo.
A meia da seleção norte-americana Megan Rapinoe, que é homossexual, já havia reclamado das ofensas. “É pessoalmente doloroso. Creio que seja algo do comportamento coletivo que toma conta das pessoas um pouco”, afirmou ao jornal Los Angeles Times.
São ofensas que não atingem apenas os atletas que estão nos gramados, mas que têm um grande alcance quando os gritos são captados pela televisão.
Situações que, em muitas vezes, chegam a ser propositalmente ignoradas. O grito de “bicha” nos estádios ganha um forte caráter de xingamento, mas que o brasileiro trata como uma grande normalidade. Normalidade a qual, quando atribuída ao goleiro, seja qual for a sua orientação sexual, ou a qualquer outra pessoa, passa o conceito de que ser “bicha” é algo muito ruim.
Já vimos nestes Jogos um fato totalmente inédito na história olímpica: o pedido de casamento de uma atleta do time de rúgbi feminino do Brasil, Isadora Cerullo, por sua namorada, Marjorie Enya, que trabalha como voluntária no evento. O que poucos sabem é que a Rio-2016 trata-se da edição que conta com o maior número de atletas assumidamente gays da história — ao todo são 43.
Por fim, vale ressaltar que o maior intuito dos Jogos é promover a paz e a harmonia entre os povos no esporte. Olha só como estamos fazendo isso muito bem.