Encerrados os Jogos Olímpicos do Rio, a participação brasileira nos torneios masculino e feminino de futebol merecem algumas observações.
A começar pela equipe masculina, que enfim ganhou o ouro após amargurar as pratas de Los Angeles-1984, Seul-1988 e Londres-2012. Para a conquista do inédito título olímpico, a Seleção precisou se reinventar ao longo. Os meninos precisavam jogar como homens, e o capitão precisava assumir bem o seu papel.
Após as duas vexatórias igualdades sem gols, o Brasil realmente mudou. Não apenas com as alterações táticas de Micale, mas de comportamento. A partir do duelo frente à Dinamarca, já podíamos observar um outro Brasil, mais amadurecido, que mostrava estar no caminho certo para subir no posto mais alto do pódio.
Neymar enfim assumiu o protagonismo da melhor forma possível. Jogou muito. Ainda não é o capitão ideal para o Brasil, mas é o craque país tanto esperava voltar a ver brilhar com a camisa verde-amarela.
Quanto ao ouro, um prêmio mais do que simbólico. Representa algo que o Brasil nunca teve, e justamente pelo fator casa, a pressão pela conquista seria grande. Além disso, uma outra barreira foi superada, o que já serve de lição para a Tóquio-2020.
Micale assumiu as seleções de base do Brasil no ano passado, devido à saída de Alexandre Gallo. Um ano para reformular todo um projeto olímpico é muito pouco. Vale ressaltar que quem iria comandar o Brasil nos Jogos seria Dunga, e se não fosse o ex-treinador da equipe principal, seria o atual. Não foi.
Agora, com o especialista em comandar equipes de base, a CBF já pode começar a pensar em longo prazo, assim como a Alemanha fez (mantiveram o treinador Horst Hrubesch durante quatro anos, que montou uma boa base olímpica ao longo de todo o ciclo olímpico).
Brasil é o país do futebol (masculino)
Infelizmente, o futebol feminino só voltará a ser acompanhado de perto por uma grande massa de brasileiros daqui quatro anos. Para elas, a disputa dos Jogos Olímpicos é a oportunidade perfeita para se apresentarem ao mundo, inclusive ao próprio país.
No Rio, as meninas do Brasil usaram todos os holofotes que estavam apontados a elas durante os Jogos para pedir apoio — seja de torcedores, mídia ou cartolas — e que invistam no futebol feminino. Algo que aqui é encarado como um absurdo, mas que muitos outros países trata-se de uma grande normalidade. No Canadá, por exemplo, o esporte feminino é disputado em quatro divisões.
Com relação ao desempenho das meninas, não há muito o que cobrar mesmo. Uma boa parte precisa jogar fora do país para estar em bom nível. Outras, nem conseguem jogar por aqui mesmo, de tão restrito que é o mercado. Felizmente existe a seleção permanente, que até quebra um galho para o futebol feminino brasileiro, mas a cúpula da CBF já discute a sua extinção, conforme as informações do Globoesporte.com.
Em dezembro deste ano ano acontece o Torneio Internacional de Manaus de futebol feminino. Quem vai assistir? E pior: quem irá transmitir?
Pois bem, futebol feminino para ser visto de perto e acompanhado por todo o país, só daqui quatro anos mesmo.