Portugal, enfim, conquistou um título de expressão. Após ficar com o terceiro lugar na Copa de 1966, quarto no Mundial de 2006 e, antes disso, cair na final da Eurocopa de 2004, disputada em casa, diante da Grécia, os lusos finalmente já podem soltar o grito de campeão.
Já a França, na disputa do terceiro título na Grande Paris, pela primeira vez frustrou sua torcida. Em 1984, levantou o caneco da Euro no Parque dos Príncipes. Em 1998, conquistou o Mundial com uma histórica vitória sobre o Brasil. Agora, o torcedor francês apenas lamenta.
Cristiano Ronaldo
Até podemos dizer que Portugal não precisou de seu astro para superar a França, afinal, ele sofreu lesão no joelho nos primeiros dez minutos da partida e foi substituído aos prantos. O que não pode se afirmar é que a seleção lusitana não precisou de Ronaldo para conquistar o título. Precisou, sim — e muito!
Agora, o português possui algo que nem Messi tem: um título de expressão defendendo o seu país. O argentino conquistou a medalha de ouro em Pequim-2008, mas não é a mesma coisa.
Tabu quebrado
Além da busca pelo primeiro troféu, os portugueses entraram mordidos para tentar se vingar de um de seus maiores carrascos históricos. Portugal não derrotava a França desde 1975, há 41 anos! De la pra cá: dez partidas, dez derrotas, e eliminações dolorosas nas Euros 1984 e 2000, além da Copa do Mundo de 2006.
O jogo
Satisfeita com a atuação da equipe diante da campeã do mundo Alemanha (2-0) nas semifinais, Didier Deschamps resolveu não mexer na equipe. O jovem Umtiti, novo zagueiro do Barcelona, foi mantido na zaga ao lado de Koscielny. No meio, o Sissoko ganhou a posição do volante Kanté, atuando ao lado de Matuidi, Pogba e Payet, com Griezmann um pouco mais adiantado. Girould foi o centro-avante.
Do lado português, a aposta de Fernando Santos era na solidez defensiva de sua equipe, reforçada pela volta de lesão do zagueiro brasileiro naturalizado Pepe, e no potencial de contra-ataque de seus velozes atacantes Nani e Cristiano Ronaldo. Deu mais do que certo.
Rui Patrício foi grande destaque da partida, salvando sua seleção desde o início do duelo. Quando não defendeu as finalizações francesas, o goleirão do Sporting ainda contou com a sorte no minuto final do tempo regulamentar. No lance, Gignac, que tinha entrado no lugar de Giroud, recebeu dentro da pequena área, deixou Pepe no chão e tirou de Rui Patrício, mas o chute rasteiro foi caprichosamente parar na trave. O destino conspirava a favor de Portugal.
Mas o confronto ficou realmente emocionante na segunda etapa da prorrogação. Com Éder em campo, atacante nascido na Guiné-Bissau, que jogou no Sporting Braga, no Swansea, da Inglaterra, e agora defende o Lille, da França mesmo, Portugal chegou ao tempo extra com três atacantes e foi em busca do gol da vitória. Essa coragem lusa foi recompensada.
E assim Portugal levanta a taça da Euro com apenas uma vitória conquistada no tempo regulamentar. Nos demais jogos, foram três empates na fase de grupos (contra Islândia, Hungria e Áustria, se classificando como um dos melhores terceiros colocados), vitórias sobre a Croácia (na prorrogação), Polônia (nos pênaltis), País de Gales (no tempo normal) e agora sobre a França.
Para mim, uma surpreendente campanha de campeão.