O afastamento do técnico Dunga foi a conclusão óbvia de quem deseja sempre descarregar em alguém os próprios problemas. Isto sem entrar numa avaliação do trabalho desenvolvido pelo técnico gaúcho em sua segunda passagem pela seleção brasileira.
O que a CBF quer é mais um anteparo, um escudo que faça o grande público deixar em segundo plano o problema real, isto é a necessidade de fazer “tabula rasa” de toda a atual organização do futebol brasileiro, desde a CBF até as federações estaduais, na maioria dos casos transformadas hoje em cabides de empregos e muitas vezes sustentadas por verbas da CBF. Que assim “compra” os votos de seus respectivos presidentes para manter o “status quo” e não ter maiores problemas na sua continuidade.
Como a absoluta maioria entende que Tite é o melhor técnico do Brasil, nada melhor que entregar-lhe o comando da seleção brasileira e ficar assim ao abrigo de qualquer outra cobrança. Pois, se Tite não der certo, a desculpa estará pronta : “não era o que vocês queriam ?”
Uma análise racional e desapaixonada do trabalho de Tite como técnico mostra que seu sucesso ocorre quando os dirigentes lhe dão tempo, e uma certa autonomia, para montar o time. Isto passa através um trabalho tanto em campo, com treinos seguidos e simulações de situações de jogo para criar jogadas ensaiadas, como num cuidadoso trabalho, que envolve até o lado psicológico dos jogadores, fora de campo. Jogadores que, em vários casos (veja Neymar, por exemplo) não passam de meninos imaturos e mimados, (embora os anos tenham passado também para eles) que se julgam acima do bem e do mal.
Na seleção, com obrigações contratuais as mais diversas (patrocínios, amistosos já contratados, etc.), e sem poder ter à disposição os jogadores o tempo necessário para poder desenvolver tranquilamente seu trabalho, Tite terá milhões de obstáculos pela frente. E a possibilidade de não dar certo estará sempre pendente como uma espada de Dámocles sobre sua cabeça.
Eu julgo Tite, além de sua qualidade de bom técnico, um HOMEM DE BEM. Uma qualidade hoje em dia não muito frequente no mundo do futebol e assim sendo não gostaria de vê-lo envolvido numa situação em que tem tudo a perder a nada a ganhar.
Por fim, conselhos, se fossem importantes, seriam vendidos e não oferecidos. Mesmo assim permito-me, pelo apreço que tenho por Tite, um modesto palpite : espere o provável fracasso da seleção na próxima Copa e aí sim, com 4 anos pela frente, aceite o lugar que os dirigentes agora lhe estão oferecendo apenas para salvar a própria pele.
De toda forma, seja qual for sua decisão, estarei torcendo ardorosamente por você !
Tite, desiste enquanto é tempo !
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