Em março deste ano, conversei com Marco Antônio Martins, presidente da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf), e ele me disse uma frase que me marca até hoje: “não dá mais para a arbitragem apitar só com os olhos”. Se eu pudesse resumir Brasil 0 x 1 Peru da forma mais breve possível, usaria as mesmas palavras de Martins.
A péssima atuação de Andrés Cunha consiste em dois pênaltis não marcados (um para cada lado) e na validação de um dos gols mais contestados dos últimos anos. Era uma jogada em velocidade do Peru pela direita. Polo chegou à linha de fundo e cruzou à meia altura. A bola passou por Alisson e o atacante Ruidíaz escorou para o fundo das redes, porém com o braço.
O goleiro brasileiro junto dos defensores correu imediatamente ao assistente pedindo a anulação do gol. A situação era inacreditável. O árbitro se encontrava completamente perdido em campo. Não sabia se validava ou não, muito menos o bandeirinha.
Foram quase dois três minutos de espera. Andrés Cunha esperava o quarto árbitro da partida conferir o lance da partida pela televisão para defini-lo. Veio a resposta e o juiz apontou para o centro do campo validando o gol. Logo em seguida, a transmissão da Conmebol disponibilizou o replay para todos, com a mais clara imagem de que o gol foi de mão, mas a lambança já estava feita e a repetição serviu apenas para fechar o caixão da atuação do árbitro.
No entanto, a eliminação do Brasil na Copa América não tem respeito apenas à ineficiência do árbitro, afinal, não podemos esquecer de como foi definido o jogo contra o Equador, na estreia.
Em minha opinião, a Seleção Brasileira não jogou bem. Apenas aparentava estar bem. Tinha um time leve, com Elias como primeiro volante, Renato Augusto como segundo e uma trinca de armadores composta por Willian, Lucas Lima e Philippe Coutinho. Com a proposta de ter mais velocidade e finalização no ataque, Gabriel atuou como titular.
Uma formação interessante, mas que a cada 20 minutos de partida ficava ainda mais previsível. O Brasil tinha mais posse de bola e criava mais jogadas, mas apresentava muita dificuldade para furar o bloqueio peruano. A equipe de Dunga não surpreendia, tampouco parecia ousada. O treinador poderia ter explorado mais o fato de estar com três meias de armação, com trocas entre eles, mas todos eram limitados às suas funções.
Só nos minutos finais que a Seleção perdeu uma chance incrível com Elias, de cara com o goleiro. Seria a melhor em todo o jogo, em meio a tanto desespero.
E assim o Brasil escreve em sua história mais um vexame, daqueles que escurece totalmente o cenário do futebol brasileiro. Se o futuro de Dunga dependia totalmente de seu rendimento na Copa América, então ele já deve estar se preparando para devolver seu crachá à CBF. Em algumas horas, o telefone de Tite também pode tocar, com Marco Polo Del Nero do outro lado da linha.
Isso tudo não passa de especulação, é claro; mas, para mim, é o quadro mais imaginável neste momento.