É difícil, sobretudo no universo masculino, encontrar um automobilista que não goste de um carro esportivo. O sonho, provavelmente, é ter uma Ferrari, coisa reservada a poucos felizardos no mundo todo. E, mesmo visando carros de preços bem menores, são poucos os que podem disponibilizar no mínimo 100 mil reais (na prática precisaria dispor de quase o dobro para começar a conversar) para ter algo deste tipo.
Assim, o Sandero RS foi, para mim, uma agradabilíssima surpresa. Com 60 mil reais a Renault oferece um carro que, em muitos momentos, dá a impressão de estarmos pilotando num rali e, sobretudo em estradas sinuosas, permite andar bem rápido, com toda segurança.
A receita, adotada pela montadora francesa, foi entregar à Renault Sports, sua divisão que se ocupa de carros esportivos, a tarefa de criar um carro de preço acessível e que não tivesse apenas o logotipo GT para diferenciá-lo da versão normal.
O modelo base escolhido foi o Sandero, um hatch médio-pequeno que, graças à boa resistência torcional de seu monocoque, permitiu alojar uma mecânica totalmente diferente da original. Assim, em lugar do tradicional motor 1.6 de 106 cv, foi colocado um 2.0 de 148 cv, acoplado a um ótimo câmbio mecânico de 6 marchas. Câmbio este que, além de engates precisos, apresenta relações curtas, o que mantém o motor numa faixa de rotação que proporciona respostas imediatas (seu torque máximo, de 20,2 mkgf, ocorre a 4.000 rpm).
A isso, naturalmente, foi somado um sistema de freios adequado às novas solicitações, com discos nas quatro rodas, e revista toda a suspensão, onde pequena parte do conforto foi sacrificada em favor de uma ótima estabilidade.
Como novidade absoluta, em relação ao Sandero de série, a inclusão da possibilidade de escolher entre 3 formas de dirigir : Normal, Sport e Sport +. A Normal é a que está presente ao ligar o carro. A modalidade Sport modifica os parâmetros de funcionamento do motor, visando um melhor desempenho. E a Sport + desativa tanto o controle ESP como o ASR (que evita a patinação das rodas em condições de reduzida aderência), permitindo ao piloto, se tiver habilidade para tanto, extrair o máximo desempenho do carro.
O resultado de todo esse trabalho de engenharia foi um carro extremamente agradável de dirigir, com bancos que seguram muito bem o corpo, um ronco gostoso (que me fez de imediato desligar o rádio para poder apreciá-lo) e, sobretudo, uma sensação de grande segurança em todas as situações. Enfim, um carro que devolvi à Renault, após tê-lo usado por certo tempo, com dor no coração e a certeza de que, num país sem tantas proibições de velocidade, seria um sucesso clamoroso.