“Pelé branco”.
Assim ficou conhecido Johan Cruyff, e para quem o viu em campo sabe que a comparação não se trata de nenhum exagero.
Como Pelé, o holandês veio de família pobre. Era filho de uma faxineira do Ajax, de Amsterdã, seu clube de coração. E foi lá, em 1964, que iniciou sua carreira, com apenas 17 anos. Mas seu futebol veio chamar a atenção do mundo inteiro no início dos anos 1970, quando comandou o Ajax ao tricampeão europeu (1971, 1972 e 1973).
No segundo semestre de 1973, Cruyff se transferiu para o Barcelona, e se apaixonou não apenas pelo clube, mas também pela Catalunha. O lendário jogador batizou seu filho de Jordi — nome de muita tradição catalã — para homenagear a região espanhola. Na época da transferência, Cruyff era o detentor do prêmio Bola de Ouro, concedido pela revista France Football ao melhor jogador da Europa.
Mas o apelido de Pelé Branco veio apenas após o término da Copa do Mundo de 1974. Cruyff era o principal jogador daquela Holanda, marcada historicamente como a “Laranja Mecânica”. Neste Mundial, ele imortalizou a camisa 14.
Foi mágico.
Foi maestro.
Foi líder.
Foi onipresente em campo.
O Carrossel Holandês deixava o mundo tão confuso quanto os zagueiros que a enfrentavam. Como eles conseguiam fazer aquilo? Eles estavam em toda parte, o tempo todo. E mesmo com a derrota na final para a anfitriã Alemanha Ocidental, de Beckenbauer, Cruyff deixou o torneio sendo chamado por alguns de “Pelé Branco”.
Em 19 anos como profissional, a lenda marcou 392 gols em 520 jogos. Ao todo, colecionou três Bolas de Ouro, conquistadas em 1971, 1973 e 1974.
Em 1984, Cruyff decidiu encerrar a carreira, mas jamais abandonaria o futebol. Decidiu, então, dirigir o Ajax como treinador e, mais tarde, o Barcelona. Ele levou o clube espanhol ao tetracampeonato nacional entre 1990 e 1994, além do titulo inédito da Copa dos Campeões da Europa, em 1992.
E, finalmente, como o próprio Cruyff disse um dia, “tudo na vida tem um fim”. Só que nisso ele não estava totalmente certo. Afinal, para uma lenda, a vida acaba, mas sua obra fica eternizada.