O São Paulo apostou fortemente em jogadores estrangeiros para esta temporada. Repatriou Lugano, trouxe Mena, Calleri e Bauza, este no ano passado. O Projeto Libertadores estava começando a ganhar mais forma e, agora, já gera bons resultados.
O clube do Morumbi estreou hoje na Libertadores frente ao César Vallejo, do Peru. Era para ser um desafio mais tranquilo, uma vez que teria um oponente de pouca expressão no continente e que no papel é muito inferior ao Tricolor. A equipe peruana ocupa a 152ª colocação no ranking da Conmebol, sendo teoricamente uma das mais fracas da competição.
O duelo não foi fácil em razão do número de vacilos que o confronto proporcionou: a arbitragem invalidou um gol legítimo do São Paulo; Ganso, de frente com o goleiro, carimbou o travessão; a defesa paulista cedeu espaço e o atacante peruano acertou o ângulo de Dênis com raríssima felicidade. Assim, o clube do Morumbi passou a ficar nervoso e apresentar problemas absolutamente preocupantes na defesa, enquanto o César Vallejo criava algumas chances de muito perigo.
Voltando do intervalo e atrás no placar, Bauza orientou seus volantes para que se infiltrassem mais na área. Dava muito certo, embora as finalizações não fossem boas. Aí o argentino resolveu tirar Kardec para colocar o recém-contratado Calleri. Um centroavante pelo outro. Na teoria, seria trocar seis por meia dúzia. Na prática já é mais diferente.
Kardec jogou como um legítimo homem de área. Com Ganso numa bela noite, o avante poderia sair a qualquer momento cara a cara com goleiro. O problema é que ele tinha de esperar essa bola chegar aos seus pés. Com Calleri não seria muito diferente, mas a principal mudança é que o argentino apresenta mais possibilidades para receber a redonda em boas condições. Ou seja, ele se movimenta mais, caindo para todos os lados do ataque, e não ficando somente centralizado.
Calleri fez um golaço, que arrancou o empate para o São Paulo. O placar só não foi maior em função da pontaria ruim dos atletas tricolores.
Bauza foi contratado justamente por ter duas conquistas das Américas no currículo. Os bons resultados do argentino que eu mencionei alguns parágrafos acima têm respeito ao trabalho de campo, e não ao restrito ângulo numérico (dois empates em dois jogos).
O São Paulo mostra ter bom ritmo nesta caminhada da Libertadores, mesmo apresentando uma série de deficiências. Com o elenco mais gringo — ao todo são seis, contando com o treinador — a aposta para fazer uma boa campanha nesta edição fica evidente. A última conquista da Libertadores foi em 2005, e depois disso teve apenas um vice em sete participações, sendo que nas três últimas parou nas oitavas. Para este ano, a pressão fica ainda maior. A aposta foi ousada, mas vai que dá certo…
Agora, resta esperar o duelo da volta, dia 10, no Pacaembu. Se for eliminado, o que dificilmente deve acontecer, será um vexame histórico. Das 17 equipes brasileiras que disputaram esta fase do torneio, apenas o Corinthians caiu. E disso ninguém esquece.