No começo, eu enxergava as contratações chinesas como um fenômeno natural. Algo semelhante ao que acontecia antigamente, quando os clubes do leste europeu tinham suas atenções voltadas ao nosso futebol. Mais tarde, durante muito tempo, os jogadores brasileiros foram alvos das ofertas japonesas. Nos últimos cinco anos, tornou-se comum alguns nossos atletas serem atraídos pelo mercado árabe. Agora é vez da China.
Tudo começa pelo presidente Xi Jinping, fã declarado do esporte. Seu intuito é deixar a liga forte, para poder ter, daqui a algumas décadas, uma respeitável seleção chinesa, que se classifique para a Copa do Mundo.
Xi Jinping fez com que o futebol fosse esporte obrigatório nas escolas, afetando mais de 8 milhões de crianças. O político do Partido Comunista repassa dinheiro público aos clubes para incentivar os grandes investimentos. Aliás, o Brasil é uma grande fonte de inspiração para os chineses (inclusive, o Shandong Luneng até já comprou um CT no país).
Com os planos do político, os empresários do país começaram a investir forte. O Guangzhou Evergrande, que esteve no Mundial de Clubes em 2015, é propriedade da Evergrande Real Estate Group, segunda maior empresa do ramo no país. O investimento é sólido no futebol e, de alguma maneira, começou a surtir efeito.
Se lembrarmos bem, jogadores como Barrios, Drogba, Anelka e Keita atuaram lá. No ano passado, o futebol brasileiro perdeu Ricardo Goulart, Robinho, Barcos, Diego Tardelli e outros jogadores para o mercado asiático; além de Conca, que já havia sido vendido e que levou nossa atenção ao futebol oriental, e dos treinadores como Cuca, Mano Menezes, Luxemburgo e Felipão. Mas 28 jogadores brasileiros já jogavam no futebol chinês em julho de 2015. É um número muito expressivo, tendo em vista que é superior ao futebol inglês e alemão.
No começo, apenas os clubes mais endinheirados contratavam os grandes jogadores – Guangzhou Evergrande e Shandong Luneng, principalmente -, mas nesta janela de transferências o futebol brasileiro já perdeu Jadson, Renato Augusto, Ralf e Luis Fabiano. Sem contar que Gil e Elias também têm ofertas de lá e podem sair a qualquer instante.
É algo sobrenatural o que acontece com o Corinthians. De todos os titulares, apenas Fagner, Uendel, Felipe e Malcom não receberam propostas.
O campeão brasileiro chamou a atenção do mundo e agora paga o preço da conquista.